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    Celso Raeder

    Jornalista e publicitário, trabalhou no Última Hora e Jornal do Brasil, é sócio-diretor da WCriativa Marketing e Comunicação

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    Quem tem o mando de campo?

    (Foto: Reprodução/Twitter)

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    Nasci no dia primeiro de fevereiro de 1960, portanto, quatro anos antes do golpe militar de 1964. Cresci no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, mais precisamente na rua Cândido Mendes, a menos de 50 metros onde, em 1970, Alfredo Sirkys, Herbert Daniel - nosso saudoso Betinho, e outros ativistas da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), sequestraram o cônsul da Alemanha, Ehrenfried von Holleben, com o intuito de troca-lo pela liberdade de 40 presos políticos torturados nos porões da ditadura. 

    Quando completei 15 anos, em 1975, Therezinha Zerbini, esposa de um militar que defendera o presidente João Goulart contra o golpe de 1964, cria os primeiros núcleos femininos pela anistia, movimento que ganhou força com o engajamento humanitário do então arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns. A partir de 1977, os estudantes vão às ruas para lutar pelo retorno dos exilados políticos, acompanhados por amplos setores da sociedade civil, numa onda cívica pela restauração da democracia. Desde então, praças, ruas e avenidas são tomadas pelo povo, que assume o protagonismo histórico de enfurnar os militares nos quartéis, de onde nunca deveriam ter saído.    

    Hoje, aos 62 anos, testemunha ocular da reconstrução da democracia brasileira, mantenho a mesma chama viva que me levou para as ruas na juventude. O problema é que, hoje, as ruas estão ocupadas por vigaristas, terroristas, assassinos e proxenetas que facilitam práticas criminosas quando deveriam reprimi-la.  Essa gente, que se esgueirava pelos esgotos para plantar bombas no Riocentro e na OAB, hoje veste camisa da CBF e vai atacar ministros do STF, a Constituição Federal e a democracia. 

    Será que vamos permitir que o presidente Lula assuma o governo em circunstâncias trôpegas iguais àquelas que derrubaram João Goulart? É isso mesmo, produção? Elegemos o homem e lavamos as mãos? Me desculpem o desabafo, mas vamos para as ruas, porra! A Avenida Paulista e a Praça da Sé, em São Paulo, a Candelária e a Cinelândia, no Rio de Janeiro, a Praça Sete, em Belo Horizonte, quem tem o mando de campo ali somos nós, os progressistas, os democratas que derramaram lágrimas e sangue por um país livre e soberano. 

    Quero deixar bem claro que não se trata de enfrentamento armado, violento, repressor, pois isso nem faz parte da nossa natureza. O que defendo é música, poesia, amor e paz, em manifestações embaladas por artistas que o mundo inteiro reverencia. Quero Caetano e Anitta no mesmo palco. Quero ruas coloridas, plurais, abraços, beijos e primavera. 

    A governabilidade do Lula está garantida, para desgosto da matilha reacionária miscigenada, que ainda se acha detentora de pedigree europeu. E quem está garantindo isso são os Estados Unidos, a Comunidade Europeia, a China, nossos vizinhos da América do Sul. Que brigada militar terá coragem de fazer esse enfrentamento, só para satisfazer o desejo de um fascista ignorante que pode – e deve – acabar na cadeia? 

    Mas o apoio internacional não exclui nossa responsabilidade com a preservação da democracia. Enquanto existirem inimigos do Estado Democrático de Direito, é nas ruas que deveremos estar.  

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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