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    Aquiles Lins

    Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos especiais do grupo.

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    Racismo no Brasil: trabalhadores brancos ganharam 61% a mais do que negros e pardos em 2022

    "Estudo divulgado pelo IBGE nesta quarta-feira escancara a desigualdade racial e de gênero no Brasil", escreve Aquiles Lins

    Manifestação Juventude Negra (Foto: Agência Brasil)

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    O estudo Síntese de Indicadores Sociais 2023, divulgado nesta quarta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou a face perversa e conhecida da desigualdade racial no Brasil. Segundo o levantamento, em 2022, a população ocupada de cor ou raça branca recebeu um rendimento-hora 61,4% maior que o da população preta ou parda. Entre as pessoas com nível superior completo, os brancos recebem 37,6% mais do que os pretos e pardos. A diferença também de gênero: o rendimento dos homens foi superior em 12,8% ao das mulheres. Já entre as pessoas com nível superior completo, o caso é ainda mais gritante: o rendimento médio dos homens superou o das mulheres em 43,2%.

    A informalidade é mais alta entre trabalhadores pretos ou pardos. Dos quase 41% de trabalhadores informais no Brasil em 2022, os homens pretos ou pardos respondiam por 46,6% do total, enquanto os trabalhadores informais brancos são 33,3%. Entre as mulheres, as pretas ou pardas são 46,8%, enquanto as mulheres brancas chegam a 34,5%. O Brasil conserva claras distinções de inferiorização da capacidade humana das pessoas negras. Segundo a pesquisa do IBGE, trabalhadores pretos ou pardos predominam em atividades com rendimento médio menor: são 62% na Agropecuária; 65% na Construção; 66% nos serviços domésticos. 

    Os números do levantamento do IBGE trazem um retrato conhecido da desigualdade de raça e de gênero que estruturou as relações de trabalho no Brasil. O cenário de racismo estrutural foi agravado, e não combatido, pelos chefes do Poder Executivo brasileiro desde o golpe de 2016, isto é: Michel Temer e Jair Bolsonaro. Um presidente ilegítimo e outro presidente genocida e inelegível que governaram o Brasil por seis anos. Com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o combate à discriminação racial, de gênero, de orientação sexual ou religiosa, vem sendo fortalecido. A começar pela criação dos ministérios de Igualdade Racial e das Mulheres. Também é bom lembrar que Lula sancionou uma lei que obriga o pagamento de igualdade salarial entre mulheres e homens. Pela lei aprovada, empresas com 100 ou mais funcionários devem fornecer relatórios semestrais com informações objetivas que permitam comparar os salários e remunerações entre homens e mulheres e os critérios de remuneração. Em relação à população preta e parda, o presidente sancionou a nova Lei de Cotas, aprimorando ingresso de cotistas ao ensino superior federal e a inclusão de quilombolas como beneficiários das cotas. Lula também assinou decreto para que negros ocupem pelo menos 30% dos cargos e funções de confiança no governo federal. Mas tudo isso está longe de ser suficiente para combater a desigualdade de renda que atinge mais perversamente a população preta e as mulheres.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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