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    Victor Assis

    Dirigente dos comitês de luta contra o golpe em Pernambuco e editor do Diário Causa Operária

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    Sair às ruas e enterrar os inimigos da mobilização

    Sexto dia nacional de mobilização pelo Fora Bolsonaro ocorrerá em meio a uma radicalização cada vez maior das bases da CUT

    (Foto: Reprodução)

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    Por Victor Assis, DCO

    A principal aposta do momento para a “terceira via”, o governador golpista João Doria (PSDB), decidiu, na última semana, proibir os atos Fora Bolsonaro no Estado de São Paulo. A coordenação do movimento, corretamente, passou por cima da decisão arbitrária do tucano e manteve o ato marcado para o Vale do Anhangabaú, no centro da capital.

    A decisão firme da coordenação é muito significativa. Não expressa propriamente as ideias de seus dirigentes — até pouco tempo, a sua maioria estava intimidada com a campanha reacionária da frente ampla, segundo a qual o PSDB deveria ter espaço nos atos da esquerda. O que a decisão revela é que, por mais que a coordenação do movimento seja extremamente confusa e vacilante, a pressão de suas bases em torno da política correta é muito grande.

    A coordenação semiformal do movimento Fora Bolsonaro, chamada pelos seus próprios integrantes de “operativa”, nunca apresentou a público de maneira muito clara quem seriam seus representantes e dirigentes. Dezenas de organizações, incluindo partidos políticos, centrais sindicais e movimentos diversos são frequentemente convidados para suas reuniões, mas quem efetivamente toma as decisões e convoca as reuniões é desconhecido do público. Pela imprensa burguesa e pelas declarações do próprio movimento, sabe-se que Raimundo Bomfim, da CMP, Douglas Belchior, da inexpressiva Coalizão Negra por Direitos, e Vivian Mendes, da UP, seriam alguns dos responsáveis pela tal “operativa”. O que não quer dizer que sejam representantes reais do movimento. Muito pelo contrário.

    É notória a tentativa da Folha de S.Paulo apresentar agrupamentos irrelevantes, como a UP, o PSOL, o MTST e a Coalizão Negra como organizadores do movimento. E por quê? Porque todos eles são grupinhos artificiais, sem uma base verdadeiramente popular e que, portanto, são facilmente corrompidos pela pressão da direita. Não é à toa que nenhum deles defende abertamente a candidatura do ex-presidente Lula: são uns parlamentares e universitários que só conseguem espaço falando exatamente aquilo que a burguesia quer ouvir.

    Junto a esses partidos da esquerda antipetista, que contrabandeiam seu apoio à colaboração de classes através do discurso pseudorradical do antipetismo, está o PCdoB, o partido que tem a coragem de defender abertamente o que os demais defendem de maneira envergonhada. O PCdoB, também muito paparicado pela Folha de S.Paulo — muitas vezes pelo nome de UJS ou CTB — é o partido oficial da frente ampla.

    Para o movimento Fora Bolsonaro, que envolve milhões de pessoas em uma luta pela sobrevivência, os “coordenadores” eleitos pela Folha de S.Paulo não têm valor algum. Poucos ouviram falar, ninguém respeita. Contudo, eles só ganham alguma relevância quando aqueles que realmente têm peso dentro do movimento se deixam intimidar por esses aventureiros que aceitam qualquer loucura por um cargo.

    A CUT e os setores lulistas do PT, por terem uma política centrista e vacilante, estavam, até a pouco, permitindo que os queridinhos da Folha de S.Paulo dessem as cartas no movimento. Contudo, cada vez mais, eles foram sendo desmascarados, até que finalmente veio à tona o real papel que eles têm no Fora Bolsonaro. São todos cavalos de Troia da candidatura da “terceira via” no movimento. Isto é, são aqueles bajulados pela burguesia para defender a política oficial da burguesia.

    Essa defesa dos interesses da classe dominante ficou patente em inúmeras ocasiões: anteciparam um ato por causa da CPI da Covid, tentaram forçar um longo hiato entre um ato e outro, não convocam plenárias amplas, não convocam o ato nos bairros etc. E as demonstrações mais cabais de que quem assinava o contracheque de sua política antimobilização era o PSDB vieram em dois episódios marcantes. No primeiro deles, os “coordenadores” da Folha de S.Paulo defenderam a participação dos tucanos nos atos e deram pilha à campanha fascista da direita contra o PCO, que expulsou os cabos eleitorais do PSDB da Avenida Paulista. No segundo deles, boicotaram abertamente o ato de 18 de agosto porque era um ato contra Bolsonaro e contra o PSDB.

    A realização do ato de 18 de agosto já foi, em si, uma grande vitória dos verdadeiros representantes do movimento contra seus sabotadores. Todos eles foram à imprensa defender que não deveria haver ato em agosto, foram contra a realização de um ato na reunião da coordenação, não divulgaram o ato após ter sido aprovado na reunião, não convocaram o ato e compareceram em menor peso. Os atos do dia 18 só aconteceram porque houve uma verdadeira guerra daqueles que queriam fazer o ato contra aqueles que não queriam.

    No centro dessa luta, está o PCO, o único partido que denunciou sistematicamente os cavalos de Troia e que apontou que estavam a serviço do PSDB. O único, também, a defender incondicionalmente os atos — até porque foi quem deu o impulso fundamental, no primeiro de maio, para que acontecessem as mobilizações pelo Fora Bolsonaro no último período. O único a concentrar seus esforços para convocar o povo para ir às ruas.

    Em um primeiro momento, o ato do dia 18 de agosto pode ter parecido uma derrota do movimento — foram muito menores do que os atos de 24 de julho. No entanto, eles podem ter sido um ponto de inflexão de todos os setores que querem fazer, mas estão intimidados pelo assédio dos quinta-coluna do movimento. Agora ficou claro que não há nada a ganhar em ouvir os seus “conselhos”: a CUT, o PT e todos aqueles que têm uma ligação real com o movimento operário não podem se dar ao luxo de brincar de movimento, precisam lutar urgentemente contra seus inimigos.

    E é por isso que a proibição de Doria não foi ouvida. Os dirigentes da CUT e do PT, que sabem que suas bases estão revoltadas com a política pró-PSDB do PCdoB, PSOL, UP e demais agrupamentos, não estão dispostos a incorrer no mesmo erro, sob pena de eles próprios serem engolidos por suas bases. O professor da APEOESP que apanhou da polícia do PSDB não está mais disposto a aceitar as palhaçadas do PSOL, que quer entregar o movimento para João Doria, e corre o risco de romper com sua direção se ela capitular mais uma vez para os quinta-coluna.

    E o rompimento com a direção, neste momento, é mais grave do que um mero rompimento: para todo aquele que não quer seguir a política dos cavalos de Troia, existe um partido revolucionário apontando uma perspectiva, que é o PCO. Como fez no primeiro de maio, o PCO está sempre a postos para, no momento de capitulação das direções perante a esquerda amiga da onça, criticar e, principalmente, fazer.

    Com o PCO no jogo, não fazer já não é mais uma opção. Resta saber se farão junto com o PCO ou se darão ouvidos àqueles que são não somente inimigos do movimento e de suas bases, mas inimigos do PT e da CUT. São aqueles que cruzaram os braços enquanto o imperialismo derrubava Dilma Rousseff e trancafiava Lula na cadeia.

    O dia 7 de setembro, portanto, é o momento de ir para uma ofensiva contra os quinta-coluna e sabotadores do movimento. É hora de aproveitar a disposição dos companheiros da CUT e do PT de enfrentar a ditadura do PSDB em São Paulo para passar por cima de todos aqueles que querem impor qualquer resistência à mobilização. Vamos com tudo para o ato de 7 de setembro, encher as ruas de vermelho, pelo Fora Bolsonaro, Fora PSDB e Fora militares e por Lula presidente.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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