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Pedro Benedito Maciel Neto

Pedro Benedito Maciel Neto é advogado, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007.

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Tarcísio de Freitas: ausência de ideias e compromisso histórico, apenas vassalagem

Gente como Tarcísio acredita que o povo não deve emancipar-se e que o país deve tornar-se empregado dos países ricos

Tarcísio de Freitas em ato bolsonarista em São Paulo (Foto: Reprodução/Youtube/ Silas Malafaia Oficial)

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"A venda do patrimônio público e privado certamente está empobrecendo o país e é consequência da irresponsabilidade do governo" - Bresser-Pereira 

Tarcísio de Freitas, o governador carioca, não conhece o estado de São Paulo e muito menos Campinas, não tem ideias nem compromisso histórico conosco, terá sua passagem pelo estado, não tenho dúvidas, marcada pela vassalagem aos interesses do mercado. 

Minha indignação não tem fim, ele quer privatizar “por privatizar” patrimônio público de Campinas, por puro sadismo, e nem o MP, nem os “progressistas” estão resistindo. 

Explico.

Gente como Tarcísio acredita que o povo não deve emancipar-se e que o país deve tornar-se empregado dos países ricos.

Acredito que o Estado deve mover-se na busca do interesse público, não para servir o mercado; deve ser zeloso nos investimentos e nos gastos.

Em homenagem ao Carlinhos Barreto cito Bresser-Pereira, que explica assim a questão do endividamento e dos investimentos: "É como uma família que decide se endividar para fazer um investimento qualquer, digamos de R$ 100 mil. Mas, em vez de usar o dinheiro emprestado para investir, a família usa para consumir. A família só investe R$ 10 mil e acabando gastando os outros R$ 90 mil viajar, fazer uma festa, comprar coisas. Mas aí tem que pagar a dívida. Como a família faz? A única saída para pagar essa dívida é vendendo patrimônio. Vende os móveis da casa, vende o carro, vende a própria casa. É isso que o país está fazendo agora", ou seja, não faz nenhum sentido “gastar por gastar”. Gasto bom é o que gera riqueza e que emancipa, não faz sentido “gastar por gastar”, assim como não faz sentido “vender por vender” o patrimônio público.

Sem investimento, o Brasil está se condenando a taxas de crescimento muito baixas e a ser uma economia de propriedade dos países ricos e nós brasileiros seremos todos empregados, contudo, privatizar nem sempre é a solução, pois, a privatização não torna todas as empresas melhores e mais eficientes; a privatização é boa quando gera competição, mas a privatização de empresas monopolistas (Sabesp, Petrobrás, etc.), que atua em setores sem concorrência, em princípio, não são uma boa coisa. 

A empresa privada funciona bem porque ela é controlada pelo mercado; no caso dos monopólios, como a Sabesp, não tem o mercado para controlá-la, por isso, ser a favor da privatização simplesmente porque a empresa privada seria mais eficiente é uma coisa muito relativa. As empresas privadas não são necessariamente mais eficientes e elas não têm nenhum compromisso com o interesse público.

Voltemos ao Tarcísio. Aqui em Campinas Tarcísio anunciou a venda do “Campo do Mogiana” e de parte da Fazenda Santa Elisa, mas não disse o porquê. 

Tarcísio não sabe e à especulação imobiliária não interessa saber, que o citado estádio foi concluído em 1940 e na época era o principal estádio de futebol do interior, só perdendo em todo o país, em termos de qualidade e arquitetura, para o recém-inaugurado Pacaembu, na capital e para o estádio São Januário no Rio de Janeiro. Sequer foi realizado debate público válido e, no caso, necessário.

A primeira partida foi disputada em 9 de julho de 1940, entre o Esporte Clube Mogiana e o Uberaba Sport Club, era só o carioca "dar um Google”, mas à essa gente só interessa servir aos interesses privados, à especulação. 

O bolsonarista também não sabe (aliás, ele não sabe nada), que a Fazenda Santa Elisa, outro imóvel que anunciou a venda, é patrimônio histórico e que suas pesquisas salvaram a economia do Brasil. Tarcísio e os incivilizados que o cercam, não conhece o Centro de Café Alcides de Carvalho, nem o Banco de Germoplasma. 

É triste o mundo no qual minhas netas crescerão, um mundo distópico, governado por idiosubjetivados e "pobres de direita", gente que ignora a História e desrespeita o povo.

Cito novamente o economista Bresser-Pereira que indignado, em 2017 disse: “o Brasil está à venda”; a indignação tornou-se pública logo após o governo federal anunciar a intenção de privatizar a Eletrobrás e outras 56 empresas ou projetos de infraestrutura. Bresser-Pereira denunciava: “Não são apenas as estatais que estão à venda. Empresas privadas também estão sendo transferidas para os estrangeiros”, esse é o patriotismo da nova extrema-direita.

No caso do estado de São Paulo o assanhamento de Tarcísio é tal que quer privatizar o que puder para mostrar ao mercado que ele é o candidato certo para o liberalismo e para o capitalismo financeiro, mesmo sem interesse manifestou do próprio mercado.

Onde está o diligente Ministério Público do estado?

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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