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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Todos os fogos, o fogo

"Intolerantes e fanáticos usam fogo como símbolo e queimam objetos, edificações ou pessoas - é o que mostra a História", escreve o jornalista Alex Solnik

(Foto: Reprodução)

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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

No dia 30 de maio de 1431 a jovem camponesa Joana D’Arc foi queimada viva, numa fogueira montada numa praça de Rouen, pela Inquisição, acusada de bruxaria. Era, na realidade, líder dos franceses que lutavam contra a ocupação inglesa.

Tal como ela, não se sabe exatamente quantos, mas certamente milhares de seres humanos foram jogados vivos em altas fogueiras nas ruas da Idade Média porque não eram nem queriam ser cristãos.

A partir de 1860, bandos de homens encapuzados vestindo túnicas brancas espalharam  terror nos Estados Unidos desfilando com tochas para intimidar seus principais alvos, os que não fossem tão brancos quanto eles - sobretudo negros, cristãos e judeus - e queimando cruzes.

Em “Mein Kampf”, Adolf Hitler escreveu que a suástica tinha efeito semelhante ao de “uma tocha flamejante” e que a pureza racial era o combustível para “a tocha da cultura humana”.

Sua ascensão ao poder como chanceler foi celebrada, a 30 de janeiro de 1933, com um monumental desfile de camisas marrom carregando tochas flamejantes nas ruas de Berlim.

O chanceler virou ditador quando, a 27 de fevereiro de 1933, seus adeptos puseram fogo no Reichstag, o Congresso alemão, e ele exigiu mais poderes para defender a Alemanha. Acusado pelo crime, um comunista norueguês desempregado terminou por ser executado.

Um dos primeiros atos do Estado Novo, proclamado a 10 de novembro de 1937 por Getúlio, foi jogar numa fogueira, em praça pública, livros considerados comunistas, de autores consagrados, tais como Jorge Amado e José Lins do Rego.

No dia Primeiro de Abril de 1964, um dos primeiros crimes do golpe militar foi incendiar o prédio da UNE, situado na Praia do Flamengo, 132, Rio de Janeiro.

No dia 31 de março de 2020, um bando de delinquentes mascarados de extrema-direita, à la Ku Klux Klan, liderado por Sara Winter, ameaçou com tochas a sede do Supremo Tribunal Federal, em Brasília.

Intolerantes e fanáticos usam fogo como símbolo e queimam objetos, edificações ou pessoas - é o que mostra a História. 

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* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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