Transformando tucanos em pombinhas
Para reviver Alckmin e sua turma, a burguesia planejou uma operação à la Dr. Moreau para dar uma sobrevida ao antigo PSDB de São Paulo
Oantigo PSDB está morrendo, respirando por aparelhos desde que João Doria tomou conta do partido em São Paulo, deixou o grupo de tradicionais parasitas sem seu hospedeiro, o estado de São Paulo. Para sobreviver e dar a volta por cima, foi elaborada uma operação liderada por Geraldo Alckmin, e que contou com a leniência do Partido dos Trabalhadores, para levar o antigo PSDB para o PSB, um partido que em São Paulo sempre esteve intimamente ligado com os tucanos. Não se trata de uma simples mudança de partido, mas sim de retomar o seu papel de destaque na política nacional. O papel desempenhado pelo PT é de colocar Alckmin como vice, e com ele e seus velhos aliados costurar acordos políticos para garantir a vitória de Haddad. Com a vitória de Haddad, que não necessariamente depende da vitória de Lula, os parasitas assim retomam o controle de seu hospedeiro, o estado mais poderoso da federação, e, com isso, seu lugar tradicional na política nacional.
Como o PSDB chegou nessa situação?
O PSDB foi, inegavelmente, o principal partido articulador do Golpe de 2016. Vinha antagonizando o PT desde as eleições de 94, sendo seu principal adversário em todas as eleições, fosse chegando em primeiro (94 e 98 com FHC) ou em segundo lugar (2002 Serra, 2006 Alckmin, 2010 Serra e 2014 Aécio). Em 2013, antes mesmo de ser derrotado, o PSDB já preparava o golpe contra Dilma. Com a ajuda do imperialismo e a debilidade política da esquerda, conseguiu converter o que foram manifestações contra o governador de São Paulo, Alckmin, e o aumento das passagens, e se transformou em manifestações nacionais contra a política neoliberal, em manifestações contra Dilma e o PT. A campanha contra a esquerda foi sendo feita gradualmente, e passou por uma campanha suja contra a Copa do Mundo. Os testas-de-ferro dessa campanha foram os elementos da esquerda pequeno-burguesa, principalmente Boulos e o PSOL com a campanha do Não Vai Ter Copa. Durante todo esse período as denúncias de corrupção foram aumentando contra o PT, e a Lava-Jato ganhou força para passar por cima de qualquer lei, constitucional ou não, para alcançar seus objetivos. Com a vitória da Dilma em 2014 imediatamente foi protocolado o pedido de impeachment pelo seu adversário, o derrotado Aécio Neves do PSDB de Minas Gerais.
A partir desse ponto a burguesia começou uma verdadeira blitzkrieg contra o governo Dilma, usando as denúncias farsescas da Lava-Jato para derrubar o governo da presidenta em menos de um ano e meio de mandato. O problema desse processo é que a Lava-Jato foi organizada fora do país, então os partidos políticos não tinham total controle sobre ela. Mesmo o principal alvo sendo o PT, o objetivo do imperialismo com essa força tarefa era de arrasar a economia do país e terraplanar a política brasileira, substituindo todos os principais partidos nacionais. Desse modo, o PMDB (muito ligado aos setores nacionais atacados pela Lava-Jato) e o PSDB também foram muito afetados. O próprio Aécio foi envolvido nas denúncias assim como o PSDB de São Paulo. Constatando a fraqueza desse setor, e também com o apoio do imperialismo que a usou para atacar ainda mais a esquerda, a extrema-direita entrou em ação para substituir esses partidos, e com ela alguns aventureiros da política como João Doria.
Doria, eleito em 2016 para prefeito de São Paulo contra Fernando Haddad que tentava a reeleição, aproveitou a oportunidade e, surfando na onda do Bolsonarismo, tomou completamente conta do PSDB em São Paulo. Em 2018 ele foi o Bolsodoria, e uma vez com o governo de São Paulo em mãos, tomou completamente conta do partido.
Por que transformar tucano em pomba?
Toda a campanha da burguesia contra Bolsonaro teve por objetivo apagar da memória coletiva os crimes do PSDB e similares, na tentativa de transformá-los na terceira via. A esquerda pequeno burguesa caiu de cabeça nessa iniciativa. Ingenuamente pensou que sairia ganhando com uma vitória da terceira via, e até que conseguiria uma aliança com esses setores para derrotar Bolsonaro, essa esquerda não se envergonhou em pintá-los como democratas, civilizados e “científicos”. Chegaram a convidar esses setores golpistas para as manifestações no ano passado. Sem perceber, a esquerda está trabalhando lentamente para consolidar de vez o golpe; aposentando a extrema-direita e colocando a direita neoliberal no poder como inicialmente idealizado pela burguesia que derrubou Dilma. Agora, com uma nova cara, e perdoada de todos os seus crimes contra os brasileiros nas últimas décadas, os neoliberais governariam o país. O melhor de tudo é que a esquerda se liquidou sozinha nesse processo.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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