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Daniel Rodrigues

Graduando em História pela UEPB; membro do Projeto de Pesquisa "História Judaica" e do Projeto de Pesquisa e Extensão "Núcleo de História e Linguagens Contemporâneas''

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Um novo Brasil e o fanatismo distópico bolsonarista

O questionamento que fica é: como lidar com pessoas alienadas como essas?

Manifestantes bloqueiam rodovia Castelo Branco, em Barueri, na Grande São Paulo 02/11/2022 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

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É preocupante o aumento descomunal dos grupos de direita e extrema direita no Brasil a partir do século XXI. Quase metade da nação brasileira é conservadora, tradicionalista, reacionária, autoritária (que permeia historicamente a sociedade brasileira) que se julga liberal e democrática. Porém, contestam o resultado das eleições presidenciais realizadas em 2022, no qual foram transparentes, críveis, que mais se aproxima do verossímil. Muitos consideram a vitória do ex-metalúrgico, ex-sindicalista e ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT (Partido dos Trabalhadores), como sendo uma vitória apertada sobre o presidente ainda em vigor, Jair Messias Bolsonaro, do PL (Partido Liberal). Uma diferença de um total de 2.139.645 votos. É uma vitória muito significativa pois o Lula venceu o impropério, a aberração do Bolsonaro, venceu mais uma vez o juiz Sérgio Moro que compactua na prática com os mesmos ideais fascistas do bozo, venceu também milhões de Fake News, o fundamentalismo, a intolerância e a manipulação religiosa, ao qual estava sendo utilizado o nome de Deus para a realização de propaganda política barata. Foi uma vitória impressionante em prol da democracia.

A manhã do dia 31 de outubro de 2022 amanheceu com um ar diferente, de esperança. Muitos apoiadores de Lula choraram na noite anterior após o resultado das eleições e muitos também choraram de alegria no dia seguinte, muitos eleitores, principalmente, das camadas populares também, pois possuem fé e esperança em dias melhores, por direito ao aumento real do salário-mínimo acima da inflação, ter direito à saúde, direito à educação, com a criação de políticas públicas, direito à cultura, segurança, etc. Uma das principais pautas da esquerda é o combate à fome e a luta por igualdade numa sociedade impregnada de ódio, miséria, desigualdade, exclusão das minorias e dos pobres pela elite burguesa e por boa parte da classe média - juristas, médicos, advogados, promotores, jornalistas. Os desafios são imensos, principalmente na economia, ainda mais que o PL (Partido Liberal), elegeu a maior bancada para as Assembleias Legislativas dos estados e para a Câmara Legislativa do Distrito Federal, chegando a 129, contra 118 do PT (Partido dos Trabalhadores). 

Mas como dito anteriormente, o Brasil amanhece diferente, com a esperança de mudanças significativas para que se possa viver com dignidade nesse país. O Brasil que estava fechado para o mundo, a diplomacia brasileira que se encontrava no fundo do poço, taxada como patética, retornará a ser respeitada e será exemplo mais uma vez para o mundo. Em menos de 24H da vitória do Lula, a Noruega anunciou querer investir no Brasil, ajudar no combate contra o desmatamento da Amazônia. Já é possível observar o ar de mudanças que estão por vir, os noruegueses propõem iniciar a debater nos próximos dois meses restantes do ano — período que será de transição — com a equipe que vai suceder o atual governo. 

É sabido que 58.206.354 de brasileiros votaram no Bolsonaro do PL, que tentava a reeleição em 2022, no entanto, nem todos os quase 60 milhões são bolsonaristas doentes, bolsonaristas raízes, os quais se autoproclamam patriotas. Os que compactuaram com ideias nazifascistas, totalizam 20-25% do eleitorado mais radicalizado, aquele que replica o lema fascista, “Deus, Pátria e família”, o que replica o lema nazista alemão, “Deus acima de tudo e o Brasil acima de todos”, os demais foram fanatizados pela igreja, pelos pastores, pelo patrão e os que caíram em Fake News de forma deslavada. Com as quase 48 H de silêncio do Bolsonaro, sem emitir qualquer declaração, muitos desses bolsonaristas “raízes” ou como seria apropriado, “bolsonaristas doentes” — pois se observados, até superficialmente, é possível identificá-los como personagens de filmes de ficção, quando são realizadas lavagem cerebral nos indivíduos para serem usados como peões de manobra —, foram se concentrar nas ruas para contestar o resultado das urnas. Se dizem patriotas, liberais e defensores da democracia, porém, saem para manifestar, através de atos ilícitos e antidemocráticos o resultado das eleições, as quais foram transparentes e críveis. Portanto, o silêncio do Bolsonaro, quem eles transformaram em Deus na terra, o tornaram como um propósito de vida a ser seguido e agora, simplesmente, acabou. A derrota do Bolsonaro nas urnas, contribuiu para tensões e revoltas por parte dos bolsonaristas em vários pontos dos Estados brasileiros. O “gado” ficou desnorteado, pois não sabe se critica as urnas, a Justiça Federal, o PT, a soltura do Lula, isto é, não sabem o que fazer — inclusive o próprio Bolsonaro que está ficando sozinho e sem apoio.

Logo, houve tentativa de golpe nas eleições pelas ações e operações ilícitas realizadas pela PRF, a maioria sendo na região do nordeste, contribuiu para que cerca de 3 milhões de eleitores, em média, fossem impedidos de votar, impedidos de exercer seu direito cidadão. Com a paralisação das rodovias, revoltas dos caminhoneiros, com as manifestações bolsonaristas, ações estas, completamente antidemocráticas, se tem mais uma vez, a tentativa de um golpe. No qual esses indivíduos impregnados de "patriotismo", reivindicam a anulação das eleições presidenciais de 2022 e clamam por intervenção militar. De forma lamentável, viu e patética se encaminharam, se concentraram nas instalações dos quartéis militares desejando que os militares tomassem o poder. 

A expressão utilizada aqui como “gado”, não possui o significado de ridicularizar ou propagar ódio. Mas o uso do termo é significativo e bem empregado, pois o bolsonarista raíz age exatamente do mesmo modo de uma manada de gado, ou seja, quando um animal desse se assusta, ele corre para um lado e os demais correm também, sem se questionar o porquê de estar correndo. Se todos estão correndo para determinado lado, é porque aquele lado é melhor e ponto. Então, é possível observar comportamentos como esse no bolsonarismo. Algumas pessoas ridicularizam e satirizam algumas certas ações desses grupos por serem inacreditáveis. Como por exemplo, o caso inacreditável e específico do "Patriota do Caminhão". Esses bolsonaristas "raízes" ou melhor, bolsonaristas “doentes", não se informam mais por nenhum tipo de veículo midiático seguro, não acompanham quaisquer tipos de jornal (O Globo, Folha de São Paulo, ICL, dentre outros), somente os grupos de WhatsApp e Telegram. Se qualquer pessoa, com o mínimo de consciência crítica, observar os vídeos das manifestações bolsonaristas, é possível notar claramente que quase em todos, os manifestantes estão com o celular na mão se informando por grupos em redes sociais. Por isso caem em Fake News constantemente. Quem não lembra deles comemorando a falsa notícia de que Alexandre de Moraes tinha sido preso — vale salientar que alguém soltou essa Fake News e todos acreditaram, o famoso efeito manada.  E ultimamente passaram a usar crianças, como linha de frente, para evitar uma repressão mais dura, ou serem atropelados. 

O questionamento que fica é: como lidar com pessoas alienadas como essas? Como lidar com indivíduos que compactuam com ideais autoritários, machistas, misóginos, homofóbicos, transfóbicos, que despreza as minorias, contra os direitos humanos, do chefe do poder executivo? Essas pessoas possuem salvação? Se sim, como reeducá-las?

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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