Uma inocente morreu, satisfeita Sheherazade?
Ministro Paulo Bernardo, não espere que outra vítima seja imolada pelos algozes do pensamento único. Ministro José Cardozo, assuma suas obrigações. Não deixem o Brasil sucumbir à insânia dos barões da imprensa
No livro “Brasil, um país do futuro” (1941), o escritor e jornalista Stefan Zweig destaca a tolerância como característica marcante dos brasileiros. Quando aqui chegou, em 1940, estava horrorizado com o nazi-facismo, que transformara a Europa em escombros e seres humanos em números tatuados no braço e remetidos aos campos de concentração. Enalteceu a mistura de raças, credos, a diversidade cultural de nosso povo. Quão espantado ficaria o intelectual austríaco se assistisse aos telejornais de nossa TV aberta e aos sites patrocinados pela mídia conservadora brasileira.
A doutrina do ódio, o apelo à violência, a disseminação da intolerância por parte dos grandes veículos de comunicação passou a ser um mantra. Nas telas do Jornal Nacional, nos comentários de Miriam Leitão, Arnaldo Jabor e Willian Waack o Brasil é uma grande m.! Não há esperança.
Um amigo, jornalista há mais de 20 anos como eu, desabafou: “o padrão Globo se rendeu ao binômio buraco de bala, buraco no asfalto”. É o jornalismo-horror, que parece ter sido feito com trilha sonora de funk-nejo. Neste tipo de noticioso o país é um lixo, os políticos não prestam. Só a revolta do povo, fazendo justiça com as próprias mãos resolve.
E foi seguindo esta trilha de ódio e perseguição que surgiu a jornalista(?) Rachel Sheheazade com seus editoriais fascistóides no SBT. “Justiça pelas próprias mãos”. É o que induzia a loira nos seus comentários no telejornal de Silvio Santos.
Pois Shereazade venceu. Muitos supostamente acreditaram no que dizia e foram fazendo vítimas Brasil afora. A última foi a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33. Confundida com uma suposta sequestradora, foi morta pelos justiceiros tão reverenciados por Rachel Sheherazade .
Satisfeita Sheherazade? Serão necessárias outras vítimas como Fabiane de Jesus para os donos da mídia pararem com a insanidade? Ou o que querem mesmo é um banho de sangue? É isto que pedem quando cobrem com entusiasmo movimentos como “Não vai ter Copa” e as badernas criadas pelos Black-Blocks?
Graças à democracia, reconquistada nas jornadas cívicas do movimento Diretas Já, há muitas vozes contra o pensamento único dos veículos conservadores. As mentiras da “grande mídia” são desmentidas dia-a-dia pelo trabalho de blogueiros como Altamiro Borges, Miguel do Rosário, Conceição (Maria Frô). Ricardo Viana e os sites de Luis Nassif, Paulo Henrique Amorim. São eles e centenas de outros, que lembram que há 50 anos o presidente João Goulart foi deposto com ajuda do Globo, Folha, Estadão, Diários Associados & outros, porque fazia reformas que ampliavam direitos dos trabalhadores. Jango foi derrubado porque criou o 13º salário, regulamentou a remessas de lucros pelas multinacionais, defendeu a Petrobrás e ousou falar em fazer a reforma agrária.
Estes mesmos jornalões e estas mesas famílias que controlam a mídia no Brasil não podem aceitar que um governo trabalhista dê certo, ou que o povo seja feliz. Por isto torcem contra a Copa e escondem que o Brasil é um dos três países que mais cresceram no mundo em 2013, ficando atrás apenas da China e da Coreia do Sul. Distorcem as manchetes. Não mostram que o país tem um dos menores índices de desemprego do mundo, ou que as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas de 2016 vão beneficiar milhões de brasileiros.
Os profetas do apocalipse da Globo, Band , Cultura e SBT, os monges do ódio em suas colunas na Veja, Folha, Globo, Estadão torcem contra o Brasil. Semeiam a discórdia. Insuflam raiva e ressentimento. O resultado não pode ser outro, senão ataques de fúria como o que vitimou a dona de casa em Guarujá(SP) ou a morte do cinegrafista da Band, Santiago Idílio de Andrade, vítima de um rojão disparado por um manifestante black-block no Rio de Janeiro.
Sheherazade e seus colegas da bancada da intolerância deveriam pedir perdão à família de Fabiana de Jesus. Deveriam se desculpar perante o povo brasileiro por dizer tantas mentiras, por fazerem apologia à violência e por tentarem transformar o Brasil numa versão tropical do III Reich.
A visão de Stefan Zweig continua nítida para milhões de brasileiros que, apesar da Globo & associados, continuam a acreditar no país. Mas assim como a ascensão do nazi-facismo levou Zweig à depressão e ao suicídio, a manipulação da mídia pode comprometer o futuro da nossa nação. É preciso dar um basta. Liberdade de expressão não significa liberdade para mentir, insuflar o ódio e distorcer os fatos. O escândalo Murdoch, na Inglaterra, que levou o país de sua majestade a regulamentar a mídia, mostra que há limites para tudo.
Ministro Paulo Bernardo, não espere que outra vítima seja imolada pelos algozes do pensamento único. Ministro José Cardozo, assuma suas obrigações. Não deixem o Brasil sucumbir à insânia dos barões da imprensa. Usem suas prerrogativas. Imponham limites àqueles que não respeitam a democracia e o povo brasileiro.
Marcus Vinícius é jornalista, economista e edita o www.marcusvinicius.blog.br
Para ler mais sobre o linchamento de Fabiane de Jesus clique aqui.
Mais sobre a morte do cinegrafista Santiago Idilio de Andrade, aqui:
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