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    Laís Vitória Cunha de Aguiar

    Aos 16 anos passou a escrever para a ONG australiana Climate Tracker, que treina jovens para serem jornalistas climáticos, e com isso publicou para a EcoDebate e outros meios de comunicação. Participou dos Jornalistas Livres como freelancer e por um ano do Mídia Ninja. Publica eventualmente no Brasil 247 e Brasil De Fato. Formada em Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo no Ciberespaço e coordena o Parlamento Mundial da Juventude no Brasil.

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    Universidades brasileiras fecham cerca de 40 acordos com universidades russas

    A ANDIFES será a instituição responsável pela coordenação permanente entre as universidades no Brasil

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    Do dia 14 ao dia 21 de outubro, ocorreu uma missão acadêmico-científica com 19 universidades brasileiras (16 federais e três estaduais), das quais destas participaram presencialmente da missão. Foram firmados cerca de 40 convênios entre universidades brasileiras, russas e bielorrussas. Dentre os participantes, estiveram 5 pró-reitores e 12 reitores. A missão contou com reuniões, visitas, mesas redondas e apresentações de propostas. A missão foi organizada pela embaixada do Brasil na Rússia com o apoio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) desde o ano passado, quando a instituição era liderada pela professora Márcia Abrahão, reitora da Universidade Brasília. No total, a Universidade de Brasília fechou 11 acordos com 8 universidades, tendo sido realizadas dezenas de reuniões virtuais entre pesquisadores brasileiros, russos e bielorrussos.  

    O fórum dos reitores dos BRICS aconteceu nos dias 16 e 17 de outubro, e de acordo com Virgílio Almeida, Secretário de Assuntos Internacionais da UnB, o objetivo era aproveitar esse momento para fortalecer as relações acadêmicas entre instituições russas e brasileiras. No total, eles participaram de quatro eventos diferentes: Missão acadêmica brasileira à Rússia, Fórum de Reitores de Universidades da Rússia de Belarus e do Brasil, Fórum de Reitores dos Países dos BRICS, Congresso Científico e Educacional dos BRICS sobre Ecologia e Mudança Climática.

    A missão, no entanto, não é apenas uma ação isolada, e sim um dos três pilares de articulação da ANDIFES com a embaixada do Brasil na Rússia. De acordo com a embaixada russa no Brasil, há três pilares: 1. Identificar as áreas de interesses comuns entre as universidades, o que aconteceu com uma consulta direta a partir de formulários para docentes e também com grupos focais, 2. Missão acadêmico-científica, a qual iremos desenvolver mais nesse texto. 3. Criação de liga de universidades russas, brasileiras e bielorrussas. 

    Desta liga já resultaram 24 convênios bilaterais realizados durante a missão acadêmico-científica, e com algumas das instituições foram assinados mais de dois acordos, ressaltou o professor Virgílio Almeida, com memorando de entendimento e acordo de intercâmbio, porque eles já querem começar a receber e enviar estudantes. Os acordos podem ser renovados mais duas vezes, sendo que cada acordo tem a duração de 5 anos, o que significa que no total são 15 anos. O diplomata Marcelo  

    A ANDIFES será a instituição responsável pela coordenação permanente entre as universidades no Brasil, e haverá reuniões periódicas entre as organizações responsáveis. A presidência será rotativa entre os países membros, começando pela Rússia. Na Rússia, a organização responsável é a Lomonosov Moscow State University. Para o diplomata Marcelo Bohlke, algumas personalidades se destacaram no sentido de fazer essa parceria se tornar realidade, especialmente a reitora da Universidade de Brasília, Professora Márcia Abrahão, a Professora Sandra Almeida, reitora da UFMG, e o Professor José Daniel Diniz Melo, reitor da UFRN. 

    Uma das instituições, a Moscow State Institute of International Relations (MGIMO), está no livro dos recordes como a universidade que ensina o maior número de línguas estrangeiras, ensinando no total 55 línguas. Assim, o professor e secretário da INT-UnB, professor Virgílio Almeida, relatou que foram recebidos por estudantes que falam português fluentemente. Eles tiveram uma reunião de trabalho apenas na língua portuguesa, no qual ambas universidades indicaram interesse na criação de um intercâmbio para os estudantes. 

    Em preparação a missão científico-acadêmica, compreendendo o primeiro pilar de ação, o professor Virgílio, enquanto parte da INT, criou um formulário e enviou aos diferentes departamentos para que os professores respondessem em que áreas tinham interesse em cooperação. No total, professores de mais de 30 áreas demonstraram interesse em cooperar com as universidades russas, tanto de áreas de humanas quanto de exatas e biológicas.  

    No total, foram 5 reuniões virtuais entre pesquisadores brasileiros e russos. Os professores também indicaram instituições de seus interesses, e com algumas delas foi possível fechar acordos. Um exemplo foi a Russian State Agrarian University - Moscow Timiryazev Agricultural Academy (RSAU-MTAA), universidade de referência na área de agricultura: “foi uma visita maravilhosa, fomos recebidos pelo reitor e vários diretores, visitamos instalações, museus, laboratórios. É uma das instituições que esperam receber nossos alunos aqui no futuro”- Relatou o professor Virgílio. 

    “A expectativa é iniciar já recebendo estudantes russos, especialmente aqueles que já falam português, temos acordo com três instituições russas que têm o ensino da língua portuguesa. Também tenho expectativa de vincular professores a pesquisas desenvolvidas na Rússia em diversas áreas, como agronomia, tecnologia, engenharia aeroespacial, matemática, ciências biológicas, são acordos que englobam todas as áreas do conhecimento. Eu confirmei minhas expectativas em relação à qualidade das instalações das universidades russas…São instituições de grande excelência e disponibilização de um espaço para estudo e pesquisa que é impressionante. Uma das possibilidades que vamos discutir no Brasil é a oferta de cursos de verão (do Brasil, inverno na Rússia) em conjunto com mais de uma universidade brasileira. Queremos oportunizar para os estudantes russos que venham ao Brasil que façam atividades uma semana na UnB e em outra semana em outra universidade federal, irmãs nossas através da ANDIFES, para que conheçam outras realidades.” 

    Ao mesmo tempo (15 a 20 de outubro), a professora Adalene Moreira Silva, do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília, e as pós-graduandas Junny Kyley Mastop de Oliveira (PPG Geociências) e Bruna Gonçalves Costa (PPG Geografia) compuseram a delegação brasileira no fórum “Mineral Resources as the Basis of National Sovereignty – Personnel and Innovation Environment” e o Youth Forum-Contest of Young Researchers from the BRICS countries “Topical Issues of Rational Use of Natural Resources”. Ademais, compuseram a delegação representantes da UFMG, USP e UEMG. 

    A professora Adalene destacou o papel estratégico do Brasil como um dos principais países do BRICS na exploração sustentável de recursos minerais, ressaltando a necessidade de fortalecer o ambiente de inovação para a implementação de tecnologias avançadas no setor. Ela também enfatizou a importância da capacitação de especialistas, promovendo um equilíbrio entre as demandas do mercado, as metas de desenvolvimento sustentável e os interesses sociais. Sua participação reforçou a posição do Brasil como um ator relevante na discussão global sobre a soberania nacional e a gestão eficiente dos recursos minerais.

    Para o diplomata Marcelo Böhlke, é necessário “manter relações pragmáticas com os mais variados países, inclusive do BRICS+, que sejam benéficas para todos os países.” Ele também enfatizou que a Liga de Universidades está aberta a todas instituições de ensino superior e pesquisa dos três países. Já o professor Virgílio Almeida acredita que “A parceria com países do BRICS é crucial para a construção de um mundo multipolar porque reúne grandes economias emergentes que podem contrabalançar a influência das potências tradicionais. Com cooperação econômica, política e tecnológica entre os países que inspiraram o acrônimo e dos novos parceiros, o bloco oferece alternativas em áreas como comércio e desenvolvimento, promovendo uma ordem global mais equilibrada e menos centrada nos países ocidentais.”

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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