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    César Fonseca

    Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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    Vacina chinesa une Doria e Mourão contra Bolsonaro

    O início da vacinação na China, na Rússia e na Inglaterra colocam seus líderes políticos no topo mundial por estarem sintonizados com suas bases políticas e sociais. Dória corre parar estar no meio dessa turma, enquanto Bolsonaro pisa na bola, agindo, opostamente

    João Doria e Hamilton Mourão (Foto: GOVSP)

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    Corrida presidencial 2022

    A vacina chinesa promove nesse momento uma aliança política inusitada: de um lado, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão; de outro, o governador de São Paulo, João Dória. Ambos se empenham em concretizar a compra e a distribuição do produto que se transforma no alvo principal da população brasileira, apavorada contra a segunda onda da pandemia a espalhar o novo coronavírus, prometendo contaminar milhões em todo o mundo, segundo alertam autoridades nacionais e internacionais ligadas à Organização Mundial da Saúde. 

    Enquanto isso, correndo na contramão do interesse público, o presidente Bolsonaro convoca a Anvisa para impedir a compra contratada pelo governador paulista da vacina chinesa para ser operada pelo Instituto Butantã. Os argumentos técnicos utilizados pelo governo são amplamente questionados, e o que resta patente é ciumeira política bolsonarista por estar perdendo corrida política para Dória, reforçado por Mourão e, também, pelos governadores. Estes, hoje, estarão reunidos com o ministro Pazzuello, da Saúde, para exigirem definições, pois estão todos preocupados com a paralisia governamental. O presidente, acuado, recua, diz que não faltará vacina, mas que essa não será de uso obrigatório, configurando sua tenaz posição de contrariedade explosiva por estar sendo forçado a fazer o que não deseja.

    Por sua vez, no Congresso, a rebelião parlamentar antibolsonarista se adensa, para contestar tal situação que, se nada for feito, joga a população contra os bolsonaristas, de forma irremediável. O parlamento, segundo o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia(DEM-RJ), não ficará a reboque da  posição do titular do Planalto. O Centrão ameaça reagir, publicamente, contra o chefe do poder, preocupado com possibilidade de reação popular, quanto mais as imagens internacionais das populações na China, Inglaterra, Rússia etc, sendo vacinadas, impactam o espírito psicossocial, configurando desleixo do governo Bolsonaro de não correr, prá valer, atrás das providências necessárias. 

    A popularidade de Bolsonaro está em total processo de erosão, que poderá leva-lo ao impeachment, como já se cogita nos bastidores políticos, se não correr para diminuir o prejuízo.

    Bolsonaro no freio de mão

    Bolsonaro, enquanto fica cuidando do fator ideológico, religioso e político e, sobretudo, deixa prá lá os efeitos devastadores que a pandemia provoca em matéria de desaceleração econômica, leva milhões à bancarrota e ao desemprego. O esperto governador de São Paulo e o vice-presidente, que já se indispõe, publicamente, com a família Bolsonaro, chamando de moleques os 3 filhos do capitão, estão com foco total no social e no econômico, para conter a sangria financeira, expressa em disparada da inflação e da dívida pública, desorganizando as finanças e a política nacional. 

    Dória arranca na frente em busca do seu objetivo: futuro político que está dependente, de forma absoluta, do presente, que é abastecer a população das vacinas. Enquanto Bolsonaro e seus 3 moleques estão enrolados em questões éticas explosivas, podendo ser afetados, politicamente, de modo a se tornarem alvo de punições pelo Congresso e Judiciário, se não derem atenção absoluta à questão sanitária, o pragmatismo de Dória cria novo ambiente federativo.

    Os governadores, independentes dos partidos, se são ou não aliados do presidente, não querem saber de outra coisa senão estarem sintonizados com a opinião pública. A eleição municipal ficou para trás e todos estão olhando para a próxima em 2022. Resolver a questão pandêmica por meio da vacina, a única segura a sinalizar solução, é prioridade número um.

    Governadores correm para Dória

    Se o titular dos Bandeirantes, apoiado por Mourão, alcançar sucesso na negociação com os chineses, que a Anvisa, agora, tenta atrapalhar, por ordem do presidente Bolsonaro, enciumado por estar perdendo, nesse campo, a corrida política, evidentemente, crescerá em torno dele polo político com vistas à sucessão presidencial. 

    A vacina, independente da origem de sua fabricação, é o fato político mais relevante do momento, pois tem a capacidade de ditar qual ser o preferido da opinião pública, ou seja, aquele que luta por ela. Bolsonaro, ao contrário, parece que anda com seu carro com freio puxado, dando impressão de estar parado, de estar interessado em que as pessoas fiquem em casa, sem a vacina, para não se imunizarem e irem às ruas, sem medo, para pedir sua cabeça. Isso poderá acontecer, quanto mais ficar em posição reacionária ao pragmatismo que toma conta de todos ao encarar o problema pandêmico.

    E quem está, no plano global, mais andando rápido nesse sentido, são os chineses e os russos, já que a vacina anglo-saxã requer procedimentos técnicos que atrasam a sua aplicação imediata. O início da vacinação na China, na Rússia e na Inglaterra colocam seus líderes políticos no topo mundial por estarem sintonizados com suas bases políticas e sociais. Dória corre parar estar no meio dessa turma, enquanto Bolsonaro pisa na bola, agindo, opostamente.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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