Vai pra Cuba!
O que Cuba tem de diferente hoje?
Viagem é sonho de consumo de aposentados e de casais que guardam os caraminguás para conhecerem a Roma dos papas e as Américas de praias lindas, onde somos recebidos pelos nativos, nos servem sucos, chás e comidas exóticas.
O poderoso chefão II, Michel Corleone, vai a Cuba num encontro de mafiosos, sob a lente cinematográfica de Coppola. A tal “Conferência de Havana” ocorreu realmente em 1946, no Hotel Nacional de Cuba, com Lucky Luciano reunindo os líderes de grupos mafiosos americanos para negócios no país. O ditador Fulgêncio Batista deu vantagens fiscais e logísticas a esses grupos para se estabelecerem com hotéis e cassinos.
Antes da Revolução, hotéis eram o grande negócio de uma Cuba pobre e agrária. Quase metade das terras eram de americanos, para plantio de cana. Até hoje os ricos dos EUA não aceitam a perda da Ilha, do seu “quintal”. Os EUA interpuseram um bloqueio comercial, para indispor o povo contra o governo. É proibido a qualquer país comercializar com Cuba, desde 1961. Carros de modelo antigo, ainda circulam pelas vias, com cuidados contínuos às peças sem reposição. Sob o sol da ilha, prédios antigos são minuciosamente cuidados. Há escassez e soluções caseiras.
Se não se ofender ao lhe mandarem para Cuba, poderá conversar sobre quaisquer assuntos, que se esquecerá até de que fala o portunhol. Pela praça, desde o gari até o doutor sempre estão dispostos a um dedo de prosa.
Cuba tem os cidadãos alfabetizados, nenhuma criança faminta ou morador de rua, sem violência, mas vida difícil. Os adultos têm formação universitária, do gari a médicos de aventais brancos. Entretanto, doutores têm mãos calejadas ao edificarem o próprio hospital. Há os médicos de família, modelo copiado em vários países. De cunho socialista, a competição é pela qualidade de vida comum e não por acúmulo de capital.
Em países capitalistas, vencem as eleições quem tem o patrocinador mais rico. Quem mais “lacrar” nas redes sociais. O eleitor acaba por votar em “coach” – um milagreiro moderno. Surgiu até a campanha monetizada – que oferece ganhos diários a quem disparar mais recortes em favor de tal candidato. O algoritmo afunila as intenções de voto. Afinal, não é a democracia participativa, não emana do povo, são disparos de memes e recortes vazios.
Na Cuba socialista, a eleição começa nos conselhos de bairro, elegendo representantes dos Conselhos dos municípios, depois dos das Províncias, até se chegar à composição do Conselho de Estado. Em deliberação de interesses gerais, como foi a concepção de Estado – de Ateu para Laico, ou sobre o reconhecimento da Propriedade privada na nova Constituição cubana de 2019, todos os Conselhos participaram.
O que Cuba tem de diferente hoje? Os valores civilizatórios de uma Cultura que não é indústria do entretenimento, nem sociedade do espetáculo, é simplesmente Cuba.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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