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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Vice de Trump fortalece fascismo global ao pregar guerra contra China

"Estados Unidos, pelo que se denota das palavras revanchistas do vice senador J. D. Vance, anteveem a hora da derrocada"

Trump e J.D. Vance (Foto: Shannon Stapleton/Reuters)

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O senador J. D. Vance, 39 anos, sionista de Ohio, escolhido vice de Donald Trump, de olho na nova geração, elegeu seu alvo preferido como estratégia de política externa dos Estados Unidos: atacar a China.

Os chineses são a nova face do mal construída pelo marketing imperialista republicano para despistar a população do fator real da decadência americana: o capitalismo financeiro especulativo, que, no processo de financeirização econômica total, coloca os Estados Unidos sem capacidade de competir com a China.

O império tornou-se alvo de especulações destrutivas, depois que terminou a era do petrodólar, como aval essencial do dólar, nas relações de trocas globais.

A vulnerabilidade monetária dos Estados Unidos, que possuem a maior dívida pública do planeta, de 30 trilhões de dólares, frente ao  fim da supremacia do dólar, levanta iras gerais no império contra a China, como se expressa brutalmente o vice de Trump, propenso à guerra.

Os líderes americanos tentam ocultar essa evidência da população, de que os Estados Unidos perdem hegemonia monetária, procurando um bode expiatório, no caso, os chineses, que ganham a corrida competitiva com a América, destronando sua proclamada invencibilidade imperialista.

Vance, assim que alçou o posto de vice de Trump, alinhou-se ao discurso deste de que o inimigo dos Estados Unidos a ser abatido são os chineses, razão pela qual Washington tem que voltar suas prioridades para a guerra, armando Taiwan.

A palavra de ordem, tanto de Trump, como de J. D. Vance, como, igualmente, de Joe Biden, é bloquear a China de ter acesso aos semicondutores taiwaneses,  mais avançada tecnologia que movimenta em escala crescente a indústria movida por inteligência artificial etc.

O imperialismo americano não se conforma com os chineses já ultrapassando os Estados Unidos em paridade do poder de compra.

A tecnologia chinesa produz mais barato que a tecnologia de Tio Sam.

A antevisão imperial de que está perdendo terreno para a China de maneira irreversível produz, por sua vez, aceleração do fascismo na América outrora gloriosa.

Trump quer fechar a América para se proteger da China e dos imigrantes, de modo que a polaridade política interna tenderá a avançar para o protecionismo com cores políticas nitidamente fascistas.

INSEGURANÇA IMPERIALISTA FINANCEIRA

Depois que encerrou a era do petrodólar (1974-2024), que funcionava como aval para a credibilidade da moeda americana, a potência imperialista se sente mais insegura.

Está à mercê do humor do mercado financeiro global, cada vez mais preocupado com a saúde do dólar, agora, sem avalista confiável.

Os árabes, que, há 50 anos, assinaram o acordo do petrodólar para garantir a higidez e potência da moeda americana e sua sustentabilidade, mudaram de posição, para preocupação e terror da América.

Sem a hegemonia do dólar, reconheceu Trump, os Estados Unidos entrarão em guerra, interna e externa, diante das explosões das contradições que conduzem o capitalismo americano.

A Arábia Saudita passou a fechar negócios em yuan, a moeda chinesa, que tende, também, a ser a base de sustentação monetária global dos BRICS, já na frente do G20 em termos de crescimento do PIB.

A força do yuan chinês, que se aliou, nos dois últimos anos, ao rublo russo, a partir da guerra por procuração na Ucrânia, fomentada pela OTAN para destruir Putin, cria nova geopolítica monetária.

Vance jogou a toalha ao reconhecer que a Ucrânia, fomentada pelos Estados Unidos e Europa, aliados na OTAN, perdeu a guerra.

O Ocidente, eis a verdade, dançou.

Agora, o império se volta para a tentativa de destruir a China.

NOVO CENÁRIO GLOBAL

As novas relações de troca, em decorrência da expansão comercial chinesa, que não tem mais competidor no ocidente, nem nos Estados Unidos nem na Europa, dão preferência às moedas locais, como objetivo geoestratégico.

Trata-se de ação que fragiliza o dólar americano, destruindo sua força como moeda hegemônica no século 21, deixando o século 20 como pura nostalgia relativamente ao poder monetário de Washington.

Por isso, o vice de Trump, desde já, prega a guerra contra Pequim, com a decisão de Washington de armar Taiwan, de modo a anular o poder tecnológico da China, dependente dos chips taiwaneses, fundamentais para a economia global. 5, movida pela Inteligência Artificial etc.

A vanguarda alcançada pelos chineses quanto à produção de bens duráveis a preços competitivos, no cenário da Inteligência Artificial, produz no ocidente, em escala crescente, o protecionismo radical.

Trump prometeu elevar em 100% as tarifas de importação de produtos chineses.

Biden, se reeleito, faria a mesma coisa.

Para se proteger da China, toda a Europa, subordinada a Washington, irá igualmente pelo caminho do protecionismo.

Os analistas internacionais, no entanto, antecipam argumentos de que pouco adiantarão providências protecionistas, visto que o mercado dos BRICS, que ultrapassa o do G20, dará preferência aos produtos chineses mais baratos e em melhores relações de troca.

Nesse compasso de expansão econômica chinesa, as trocas monetárias em yuan superariam, paulatinamente, ou se equiparariam, às trocas em dólar, graças ao volume de comércio, pautado por moeda chinesa, em contraste com o desgaste da moeda americana afetada pelo fim do petrodólar. 

Adicionalmente, os países com reservas em dólar tenderiam a trocá-las por yuan, no jogo das trocas comerciais globais, nas quais a proporcionalidade favorece o poder monetário chinês, dado pela maior competitividade da China frente aos concorrentes ocidentais.

PROTECIONISMO FASCISTA LEVA À GUERRA

O fato é que o capitalismo americano, proporcionalmente, fragilizado pela competição com os chineses, estaria caminhando para o fascismo, se a sociedade da maior potência da terra adotar, de forma crescente, espírito crítico quanto à ultrapassagem chinesa relativamente ao capitalismo americano, que, como saída, volta-se, como prega o vice de Trump, para a guerra.

Os americanos, sob Trump, como, também, sob Biden, seguirão, na polarização com os chineses, o seu curso histórico fundamental: o armamentismo que impulsiona a economia de guerra fascista como característica principal da sociedade imperialista.

Tal processo fragiliza estruturalmente o capitalismo sob financeirização econômica total que dificulta a corrida competitiva americana com a chinesa.

Armar a América contra a China passa a ser o discurso fascista do partido republicano para tentar reerguer novamente o que parece impossível ao capitalismo americano sob Estado superendividado comprometido por moeda sem lastro real: a hegemonia imperial.

Os Estados Unidos, pelo que se denota das palavras revanchistas do vice senador J. D. Vance, anteveem a hora da derrocada, porém, antes que ela se evidencie mais fortemente, parte para exercitar sua principal característica: a agressão guerreira como imperativo categórico.

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