Aegea avança na universalização do saneamento e destaca papel do BNDES na modelagem e financiamento do setor
Em entrevista à TV 247, o CEO da Aegea, Radamés Casseb, reforça importância de parcerias com bancos públicos para infraestrutura e sustentabilidade
247 - A universalização do saneamento no Brasil é um compromisso essencial para promover desenvolvimento social, melhorar a qualidade de vida e garantir a sustentabilidade ambiental. O Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020, prevê a universalização do serviço até 2033, com água potável em 99% das casas brasileiras e coleta de esgoto em 90% das residências. Mas no Brasil, cerca de 100 milhões de pessoas ainda vivem sem coleta e tratamento de esgoto e quase 40 milhões sem acesso à água tratada. Para falar sobre os desafios do saneamento, o primeiro episódio do programa Histórias do Desenvolvimento, da TV 247, entrevistou Radamés Casseb, presidente da Aegea, empresa líder em saneamento privado, atua em 15 estados e atende cerca de 33 milhões de brasileiros.
Segundo Casseb, a Aegea consolidou-se como um operador que complementa a atuação de prestadores públicos, trazendo investimentos de longo prazo e atraindo capital estruturado para impulsionar a expansão da infraestrutura de saneamento. Em municípios como Piracicaba (SP) e Campo Grande (MS), a universalização do serviço é uma realidade. “A Aegea nasceu com o propósito de complementar o serviço público, sempre com o objetivo de universalizar o saneamento no Brasil", afirmou. Nas concessões mais recentes, como no Ceará e Rio de Janeiro, o executivo contou que a Aegea tem implementado ações para garantir resiliência hídrica e preservar o meio ambiente, desenvolvendo soluções para enfrentar a seca e proteger mananciais. Essas iniciativas incluem a ampliação de reservatórios e o uso de tecnologias de eficiência energética, além de parcerias em reflorestamento em áreas críticas. “Em sua trajetória, a Aegea busca não apenas expandir o acesso ao saneamento, mas também deixar um legado socioambiental duradouro, promovendo a sustentabilidade e a inclusão em regiões vulneráveis e impulsionando a geração de emprego e o crescimento econômico local", afirmou.
Ao avaliar o ambiente de investimentos no Brasil, Radamés Casseb explicou que a expansão e consolidação de serviços de saneamento no Brasil, uma área ainda carente de infraestrutura, requerem a participação de bancos públicos para estruturar projetos e garantir segurança aos investidores. Neste processo, ele destacou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desempenha um papel central na modelagem regulatória do saneamento e na estruturação de editais de concessão, fatores críticos para atrair capital ao setor. O executivo detalhou que o banco tem atuado como uma espécie de "fábrica de projetos" ao captar as necessidades regionais e incorporar essas especificidades nos estudos de viabilidade e na estruturação dos processos licitatórios. "O BNDES se coloca como formulador e aglutinador do conhecimento evolutivo da regulação," observou o CEO. “O banco tem absorvido as peculiaridades regionais e incorporado essas características aos estudos, mitigando riscos e garantindo que o financiamento aconteça com segurança para os investidores”, acrescentou.
Além de organizar projetos bem estruturados, o BNDES se destaca na concessão de linhas de financiamento acessíveis, que são essenciais para a viabilização dos investimentos. Segundo Casseb, o fato de o BNDES estar diretamente envolvido na modelagem e financiamento dos projetos é visto pelos investidores como um "selo de segurança". Esse suporte tem atraído o interesse de fundos internacionais, incluindo fundos soberanos, que percebem os projetos de saneamento brasileiros como uma oportunidade de investimento ESG (ambiental, social e de governança) com impacto positivo e retorno seguro.
Inovação e produção de energia
O CEO da Aegea detalhou como a empresa tem implementado estratégias de inovação e tecnologias de geração de energia renovável, com foco em sustentabilidade e eficiência operacional. Segundo Casseb, a Aegea está investindo em práticas de economia circular que vão além do tratamento de água e esgoto e incluem a geração de biogás a partir de resíduos orgânicos, transformando um subproduto do saneamento em uma fonte de energia sustentável. Casseb explicou que o biogás, resultante da decomposição de resíduos sólidos e do tratamento de esgoto, tem sido utilizado pela Aegea para abastecer as próprias unidades de tratamento, reduzindo significativamente os custos com energia elétrica e tornando as operações mais sustentáveis. "O aproveitamento do biogás é uma maneira de não só destinar corretamente os resíduos, mas também de gerar uma fonte limpa e renovável de energia, que tem contribuído para reduzir nossa pegada de carbono," afirmou.
Além do uso do biogás, a empresa também explora outras tecnologias de produção de energia renovável, incluindo a instalação de painéis solares nas unidades de tratamento e nas operações administrativas. Segundo Casseb, essa integração de múltiplas fontes de energia sustentável reflete a visão da Aegea de ser uma referência em inovação e compromisso ambiental no setor de saneamento. "Buscamos integrar soluções que nos permitam transformar resíduos em valor, seja por meio de biogás, seja por meio de painéis solares, criando uma rede de energia limpa que vai além do nosso consumo interno e, eventualmente, pode abastecer a rede pública," ressaltou.
A Aegea também tem investido em pesquisa e desenvolvimento para aprimorar o processo de conversão de resíduos em energia e expandir o uso do biogás em suas operações. Segundo Casseb, esses avanços podem transformar a empresa em uma geradora de energia renovável, com potencial para fornecer excedentes ao sistema elétrico nacional. "Nossa meta é, em médio prazo, sermos autossuficientes energeticamente e contribuir com a rede nacional, oferecendo energia limpa que não só atende às nossas necessidades, mas que pode beneficiar a comunidade e o meio ambiente," explicou o CEO. Esse enfoque em inovação e tecnologia também está alinhado com os objetivos de ESG da empresa, que incluem a neutralização de emissões e o aumento da resiliência às mudanças climáticas. "A Aegea se compromete não apenas com a prestação de um serviço essencial, mas com o desenvolvimento de soluções que impactam positivamente a sociedade e o meio ambiente," afirmou.
Assista à entrevista na íntegra:
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