Agente investigado no inquérito da 'Abin paralela' é exonerado

247 - O governo Lula (PT) anunciou, nesta segunda-feira (23), a demissão de Fabrício Cardoso de Paiva, agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Paiva havia coordenado a segurança de Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante a campanha para o governo de São Paulo em 2022 e é investigado pela Polícia Federal (PF) no inquérito da 'Abin paralela' durante o governo Jair Bolsonaro (PL), segundo Paulo Cappelli, do Metrópoles.

Fabrício Paiva, considerado um homem de confiança de Tarcísio, estava envolvido em suas atividades desde o período em que o atual governador de São Paulo atuava como ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Durante a campanha eleitoral de 2022, Paiva solicitou licença de seu cargo na Abin para trabalhar na disputa de Tarcísio, mas, segundo fontes, ele já estava desempenhando funções na campanha antes que o pedido fosse oficialmente aceito.

A demissão de Paiva foi oficializada com base em "abandono de cargo", conforme consta na portaria assinada por Rui Costa (PT), ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula. O afastamento do agente ocorreu após ele se ausentar de suas funções sem a devida autorização da Abin.

Investigações e operação da PF

Paiva é um dos alvos da operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023 pela Polícia Federal, que investiga o uso ilegal do sistema First Mile pela Abin durante o governo Bolsonaro. A operação faz parte de um inquérito mais amplo que apura ações ilegais de monitoramento de integrantes do Judiciário e da imprensa. 

De acordo com a PF, Paiva possui ligações com Paulo Maurício Fortunato Pinto, ex-diretor da Abin, que também foi afastado de suas funções por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Fortunato, por sua vez, teve sua residência alvo de buscas, nas quais foram apreendidos 171,8 mil dólares em espécie.

Polêmica na campanha de Tarcísio

Durante a campanha de Tarcísio de Freitas em 2022, Fabrício Paiva também se envolveu em uma polêmica durante uma agenda em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Na ocasião, um tiroteio assustou os presentes, incluindo a equipe de campanha e repórteres que cobriam o evento. Paiva foi gravado em uma tentativa de intimidar um cinegrafista para que apagasse as imagens do tumulto causado pelo tiroteio.