Bolsonaro usou o Flamengo
Reportagem do Intercept Brasil publicada neste sábado (21) mostra como Jair Bolsonaro usou o Flamengo, a Força Aérea Brasileira e recursos públicos para promover seu lema de campanha e sua imagem - ferindo o princípio da impessoalidade previsto na Constituição
247 - Com base na Lei de Acesso à Informação, o Intercept Brasil traz neste sábado (21) reportagem sobre a falta de transparência no episódio que envolve o Flamengo, a Força Aérea Brasileira e a hipocrisia política de Jair Bolsonaro.
Quando o Flamengo levou a melhor sobre o River Plate, na final da Libertadores em Lima, no Peru, Bolsonaro resolveu fazer uma surpresa ao time e mandou um avião da FAB, a Força Aérea Brasileira, escoltar o voo comercial que trazia os jogadores de volta. Ainda no ar, chegando no Rio de Janeiro, o caça se alinhou ao avião da Gol. Dentro da cabine, a equipe ouviu o recado personalizado do presidente, lido por um integrante da FAB, que incluiu até seu slogan de campanha:
"A Força Aérea Brasileira, em nome do presidente da República, Jair Bolsonaro, dá as boas-vindas ao time do Flamengo e felicita a equipe campeã que tão bem representou o Brasil para a conquista da Copa Libertadores da América. Brasil acima de tudo. Parabéns", disse o piloto pelo rádio.
A reportagem do Intercept Brasil perguntou ao Ministério da Defesa de quem foi dada a ordem para a escolta do voo e contato via rádio com a aeronave comercial, qual era a fundamentação da missão – ou seja, qual era o motivo daquilo acontecer – e quanto a missão custou aos cofres públicos.
"A resposta chegou nessa semana. Bom, na verdade, é uma não resposta. O Comando da Aeronáutica disse que o 'voo ocorreu em aproveitamento a uma missão de treinamento realizada pela aeronave da FAB' naquele dia. E que os custos das missões da Força Aérea são sigilosos. A gente não sabe quanto custou a desviadinha do avião que deu o alô pro Flamengo. Mas consegue estimar: segundo o Estado Maior da Aeronáutica, a hora de voo desse tipo de caça custava em 2006, antes de sua modernização, mais de US$ 4 mil. Na cotação de hoje, o valor ultrapassaria R$ 17 mil", revela a reportagem.
Não é a primeira vez que o presidente usa recursos públicos para promover seu lema de campanha e sua imagem – e, com isso fere o princípio da impessoalidade previsto na Constituição, diz o Intercept Brasil. "A primeira delas foi lá no começo de seu mandato, quando o site do governo federal exibiu uma imagem do presidente. Depois, o Ministério da Educação queria que as escolas brasileiras executassem o hino e lessem uma carta que continha o mesmo slogan 'Brasil Acima de Tudo'. Em outro exemplo mais recente, a Secretaria de Comunicação exibiu um vídeo em defesa do presidente sobre sua relação com o suspeito de assassinar Marielle Franco", conta.
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