Boulos: 'os que sempre disseram que o MTST ia tomar sua casa querem aprovar projeto para que os bancos façam isso'
"O mundo já assistiu a esse filme de horror com a crise do subprime nos Estados Unidos" em 2008", diz o líder do MTST, Guilherme Boulos
247 - O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pré-candidato a deputado federal pelo PSOL, Guilherme Boulos (SP), afirma que passou anos enfrentando “o preconceito e as fake news sobre a luta por moradias” e que atualmente “aqueles que mais vociferavam que ‘o Boulos e o MTST vão tomar a sua casa’ querem aprovar uma lei que permite aos bancos tomarem a sua casa”.
“O projeto de lei 4.188/2021, aprovado pela Câmara dos Deputados por iniciativa de Jair Bolsonaro (PL) e do centrão, pretende acabar com a proteção da impenhorabilidade do bem único. Em português claro, autoriza que os bancos e demais instituições financeiras tomem a única propriedade de uma família para quitar dívidas. Até aqui, tudo pode ser resgatado pelos bancos, menos o imóvel de residência familiar. Se o projeto bolsonarista for aprovado pelo Senado, quem não pagar suas dívidas vai direto para a rua”, ressalta Boulos em um artigo publicado na Folha de S. Paulo.
“O mundo já assistiu a esse filme de horror com a crise do subprime nos Estados Unidos, em 2008. O resultado, não custa lembrar, foram milhares de pessoas expulsas de suas casas, com a execução de hipotecas, e famílias inteiras morando em trailers ou barracas em grandes áreas de estacionamento. Do outro lado do balcão se realiza o sonho de consumo dos banqueiros, que só olham para os bilhões de lucro e sorriem cinicamente ante o enorme risco sistêmico que isso representa para a economia nacional”, destaca o ativista.
Para ele, “cabe agora ao Senado barrar essa insanidade. Mas se também ali o poder dos bancos falar mais alto, caberá ao Supremo Tribunal Federal garantir a Constituição. A impenhorabilidade do único imóvel de uma família é assegurada pelo artigo 6º, que garante o direito fundamental à moradia, e pelo artigo 226º, que define que “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado’. O interesse dos bancos não pode estar acima da Constituição”.
“Que venha logo outubro, para derrotarmos este governo e elegermos uma grande bancada popular, capaz de enfrentar as negociatas do centrão no Parlamento. E quando vierem falar que o MTST vai tomar sua casa, não esqueça: os verdadeiros ‘invasores’ operam hoje à luz do dia, no Palácio do Planalto e na Câmara dos Deputados”, finaliza.
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