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    Douglas Belchior: se estivesse morrendo só pobre, já teria havido isolamento desse grupo

    Liderança do movimento negro em São Paulo, Douglas Belchior discorre sobre as dificuldades da população pobre e negra diante do coronavírus e explica suas propostas para ajudar as famílias mais prejudicadas pela crise. Assista

    (Foto: Editora 247)

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    247 - Liderança do movimento negro em São Paulo e professor na Uneafro, Douglas Belchior discutiu sobre a situação do povo negro e das periferias diante da calamidade do coronavírus no país. Segundo ele, a população pobre e negra vive um “estado de calamidade pública permanente”, sendo necessário uma pandemia para que a PEC 95, que diminui os gastos do governo em serviços públicos e sociais, seja temporariamente revogada.

    Para Belchior, a quarentena é a melhor forma de se proteger da pandemia, mas isso não é uma realidade para a população pobre brasileira, que continua sendo obrigada a trabalhar. Decorrente disso, na entrevista, ele fala inclusive dos problemas do próprio movimento negro (organizado) diante da expansão da crise de saúde, e conta que muitos militantes e a base social destas organizações estão passando por dificuldades.

    Uma das soluções que ele e sua organização, Uneafro, tomaram foi a realização de um fundo solidário, de uma “vaquinha” (para ajudar clique aqui), para ajudar as famílias necessitadas, que segundo ele, já são milhares.

    Diante disso, Belchior denunciou a política do governo de Jair Bolsonaro, que não dá nenhuma assistência para o povo brasileiro. “Não é possível acreditar no governo deste país. Dificilmente o socorro virá”, disse. “Então estamos fazendo a nossa parte”.

    Para ele, diante da “situação de guerra” que foi colocada para as periferias, é necessário ajudar as famílias mais necessitadas. Por outro lado, defende também que os parlamentares sejam pressionados para aprovar o projeto da Renda Básica Emergencial, que dá uma renda mínima para as famílias mais pobres, que estão desassistidas. Por isso, é preciso ajudar as famílias dos bairros de forma emergencial e pressionar o governo ao mesmo tempo, defende ele. “Só com uma ação estatal é possível socorrer nossa população”, declarou defendendo um Estado de bem-estar social, contra o Estado socorrendo as grandes empresas.

    O ativista denunciou também a falta de estrutura geral nas periferias e no transporte público. “Muita gente para pouco espaço”, resume, lembrando que isso facilita a propagação do vírus nestes locais e regiões. Para ele, então, o que está sendo feito, isto é, a junção de todas as condições sociais e governamentais, estimulam um “genocídio” causado pela pandemia.

    Douglas Belchior afirma ainda que se o vírus não tivesse sido trazido pelos ricos, mas tivesse se originado na população pobre, os pobres já estariam isolados há muito tempo.

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