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    “Eles têm medo de nós”, diz Iêda Leal, coordenadora do MNU, sobre ataques à Fundação Palmares

    Em debate promovido pela Fundação Perseu Abramo, a coordenadora do Movimento Negro Unificado protestou por mais espaço para a população negra: “somos 56% da população. Temos de ter espaço”. Assista na TV 247

    Iêda Leal (Foto: Reprodução)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - Coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU), Iêda Leal falou ao programa Pauta Brasil, da Fundação Perseu Abramo, retransmitido pela TV 247, sobre os ataques do governo Jair Bolsonaro à Fundação Zumbi dos Palmares, que tem como chefe atualmente Sérgio Camargo.

    Iêda relatou uma recente visita que fez à sede da fundação, na companhia, entre outras pessoas, da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ). Ela contou ter flagrado escritos do sociólogo Clóvis Moura (1925-2003) e imagens produzidas pelo fotógrafo Januário Garcia (1943-2021) acondicionados em caixas de papelão que jaziam no solo. Ambos negros, Moura e Garcia foram expoentes em suas áreas de atuação e cabia à Fundação Palmares a guarda e exposição daqueles trabalhos e documentos.

    “Se eles têm medo de livros e de fotografias, imagina de nós, que pensamos e percorremos este país”, provocou a coordenadora do MNU. “Somos 56% da população. A maioria absoluta faz diferença, se bem representada. Mas sem aquele romantismo de dizer que o negro é importante. A vontade não é o suficiente. Temos de ter espaço. Os partidos de esquerda vão ter de entender isso”, protestou.

    Ataques a Palmares têm razões econômicas

    Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura, também participou da conversa e explicou que a Fundação Palmares tem papel essencial na certificação de terras quilombolas, pelas quais os latifundiários mantêm eterna cobiça. O ex-presidente da Fundação, Zulu Araújo (2007-2010), disse: “em nossa gestão, foram certificadas 3.500 terras quilombolas. Hoje o Brasil tem 5.000. Nessas terras vivem 4 milhões de pessoas, e esses territórios são sempre alvo da especulação”. Imobilizada a Fundação Palmares, responsável pela identificação dessas terras e encaminhamento para certificação, fragiliza-se o processo.

    Zulu Araújo ainda afirmou que ataques à Palmares são, acima de tudo, um ataque à democracia como um todo. “A Fundação foi criada em 1988, no apogeu da luta pela retomada do estado democrático. O artigo 215 da Constituição, em seu parágrafo primeiro, prevê: o Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. É um dever de todo o brasileiro que acredita nos valores democráticos defendê-la”.

    O Pauta Brasil, programa da Fundação Perseu Abramo, recebe especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates são realizados às segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e transmitidos ao vivo pela TV 247.

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