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Em troca de mensagens com Wajngarten, Mauro Cid admite que joias sauditas são "bens de interesse público"

Conversa aconteceu no dia 5 de março, dois dias após a imprensa revelar a entrada ilegal do colar de diamantes e da existência de um segundo kit de joias

Mauro Cid (à esq.), Jair Bolsonaro e joias dadas ao Brasil (Foto: Marcos Corrêa/PR | Reprodução | Reuters)

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 247 - O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) admitiu que as joias sauditas que deveriam ser incorporadas ao patrimônio do Estado brasileiro, mas que o ex-mandatário tentou se apropriar, eram de "interesse público, mesmo que sejam privados". Segundo a coluna da jornalista Juliana Dal Piva, do UOL, a admissão do militar foi feita  no dia 5 de março deste ano em uma troca de mensagens com o ex-secretário de Comunicação  e advogado Fabio Wajngarten.

D acordo com a reportagem, Cid demonstrou nervosismo após a imprensa revelar a entrada ilegal do colar de diamantes e a existência de um segundo kit de joias, o Rose Gold, sem declaração em outubro de 2021. Em trocas de mensagens com Wajngarten, o militar Cid discutiu a legislação sobre o acervo presidencial e o tratamento de presentes. >>> "Pior que está tudo documentado" disse Cid a Wajngarten após escândalo das joias ser revelado pela imprensa

Na conversa com Wajngarten, dois dias após a imprensa revelar a entrada ilegal do colar de diamantes e da existência de um segundo kit de joias, chamado de Rose Gold, Cid demonstra nervosismo. "Parece que hoje deu uma acalmada", escreve Cid a Wajngarten no início da manhã de 5 de março. O advogado responde "magina" e encaminha a reportagem da Folha mostrando o recibo do kit do Rose Gold, que entrou no Brasil sem declaração em outubro de 2021”, ressalta a reportagem.  >>> Mauro Cid faz "pré-delação" à PF e revelações podem ir além do escândalo das joias

"Caramba!!", postou Cid em resposta. Em seguida, ele responde a uma série de questionamentos feitos pelo advogado sobre o relógio e envia uma cópia do recibo. 

“‘Esse segundo relógio é o que tá aí. É o mesmo tratamento que seria dado ao primeiro. Foi entregue o relógio e deu entrada no acervo. A mesma coisa que foi feita no primeiro ia ser feita no segundo’, afirma Cid. O ex-ajudante de ordens não esclarece no áudio qual seria o primeiro relógio ou se está fazendo referência ao primeiro kit de joias citado nas reportagens que trata do colar de diamantes e das joias femininas”,diz um trecho do diálogo, conforme a reportagem. >>> Ex-chefe de documentação do Planalto diz que Mauro Cid perguntava sobre presentes

Na conversa, o ex-ajudante de ordens diz não saber quem introduziu o segundo kit ilegalmente no país e envia mensagens sobre a legislação que trata do acervo de presidentes e o tratamento de presentes. >>> À PF, Cid detalhou ‘fluxo financeiro’ de Bolsonaro e o funcionamento do gabinete do ódio

O tenente-coronel chegou a mencionar a Lei 8.394, de 1991, que destaca o direito de preferência da União em caso de venda desses itens. No entanto, em nenhum momento, Cid mencionou que o relógio tinha sido levado por Bolsonaro no avião presidencial em dezembro de 2022 para os EUA, nem que o kit tinha sido colocado à venda em Nova York. >>> PF já tem indícios suficientes de organização criminosa no entorno de Bolsonaro e busca colaboração do general Cid

Horas mais tarde, Cid argumentou que não existia legislação clara sobre o tema, sugerindo que Bolsonaro poderia ficar com as joias, afirmando que são ‘bens de interesse público’. No entanto, o advogado Wajngarten contestou essa ideia. 

"São bens de interesse público. Pergunta para eles se os ben (sic) de Collor, FHC, Lula e Dilma pagaram algum imposto?", postou Cid. Wajngarten respondeu como um “não é isso" e pergunta pelo paradeiro do relógio.  Em resposta, Cid diz que estaria no "acervo do Pr", em referência ao acervo presidencial de Bolsonaro. “Não existe culpa ou absolvição pela comparação simples", disparou Wajngarten em seguida. 

“No dia anterior, em 4 de março, Cid chegou a dizer a Wajngarten que não sabia onde estava o acervo de Bolsonaro. Esta data também é a mesma em que a PF (Polícia Federal) acredita que o relógio retornou dos EUA devido a uma outra troca de mensagens entre Cid e o segundo-tenente Osmar Crivelatti. Ao saber que o kit já estava em mãos do antigo subordinado, Cid escreve: ‘ufa’”, destaca colunista.

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