Engenheiros da Petrobras repudiam declaração de diretor
A Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) repudiou nesta quarta-feira, 26, a declaração do diretor de refino da companhia, Jorge Celestino, durante palestra na feira Rio Oil & Gas 2016, que disse que "para o país, talvez não seja a melhor solução. Mas é a melhor solução para a Petrobras"; "É lastimável que um diretor da Petrobrás tenha aprendido tão pouco nas dezenas de anos que trabalha na empresa, não tendo conseguido entender a razão dos que idealizaram a criação da empresa", diz a entidade em nota
247 - A Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) repudiou nesta quarta-feira, 26, a declaração do diretor de refino da companhia, Jorge Celestino, durante palestra na feira Rio Oil & Gas 2016.
Ao informar que a Petrobras vai incluir dutos e terminais de importação e exportação no processo de venda de participações em refinarias, que deve ser iniciado no ano que vem, Celestino disse que "para o país, talvez não seja a melhor solução. Mas é a melhor solução para a Petrobras".
"O diretor Celestino não deve estar interessado em saber como problema será equacionado pelo país para pagar as importações, nos reflexos no câmbio sobre a dívida da Petrobrás, na inflação e no mercado interno", diz a Aepet em nota. "É lastimável que um diretor da Petrobrás tenha aprendido tão pouco nas dezenas de anos que trabalha na empresa, não tendo conseguido entender a razão dos que idealizaram a criação da empresa", completa.
Leia na íntegra a nota da Aepet:
"'Para o país, talvez não seja a melhor solução. Mas é a melhor solução para a Petrobras' Jorge Celestino, diretor de refino da Petrobrás.
A diretoria da AEPET lamenta e repudia as declarações do diretor de refino da Petrobrás, Jorge Celestino, dadas em palestra nesta segunda-feira (24) na feira Oil & Gas.
Segundo a Folha de S. Paulo, o diretor informou que a Petrobrás vai incluir dutos e terminais de importação e exportação no processo de venda de participações em refinarias, que deve ser iniciado no ano que vem. O objetivo é permitir que os novos sócios tenham maior flexibilidade com relação à suas operações, sem depender da estatal. O modelo será levado ao conselho de administração da empresa até o final do ano.
"É um modelo que dá ao investidor gestão sobre as suas margens", explicou o executivo. Isso é, o sócio poderá decidir sobre o fornecimento do petróleo e o destino dos derivados produzidos. Segundo Celestino, a proposta evita repetir o modelo usado na REFAP, refinaria Alberto Pasqualini, durante o governo FHC, quando a espanhola Repsol/YPF comprou 30% das ações, mas não tinha instalações para trazer seu próprio petróleo ao mercado interno.
Informou que o objetivo é levantar recursos de US$ 19,5 bilhões entre 2017 e 2018, protegendo o valor dos ativos e suas atividades de exploração e produção, que fornecem o petróleo às refinarias e que, mesmo com a venda de ativos, a empresa pretende manter participação em todas as etapas da cadeia do petróleo. "Quem tem operação integrada tira o maior valor das operações".
A Petrobrás não pretende, porém, construir novas refinarias, pelo menos até 2021, concentrando os investimentos do refino na manutenção das unidades existentes.
"Para o país, talvez não seja a melhor solução. Mas é a melhor solução para a Petrobrás", comentou Celestino, dizendo que a empresa busca sócios neste segmento porque "não pode um país ter uma empresa com 100% do mercado".
Não acreditamos que o diretor desconheça que a importação de combustíveis é livre no país, tendo a BR Distribuidora perdido cerca de 14% do mercado de diesel no país com as importações dos concorrentes.
É difícil imaginar um diretor da Statoil, Total, Shell ou Exxon dando declarações tão desastradas, contra os interesses de suas empresas e países. Seriam sumariamente afastados de seus cargos.
As declarações ficaram ainda mais constrangedoras com o contraponto feito pelo diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), Aurélio Amaral, que prevê um déficit na importação de derivados de 1,1 milhão de barris por dia em 2030 (foram 401 mil barris em 2015).
Se não houver investimentos em refinarias, disse o diretor da ANP, o Brasil demandará expansão da capacidade de importação de combustível.
O diretor Celestino não deve estar interessado em saber como problema será equacionado pelo país para pagar as importações, nos reflexos no câmbio sobre a dívida da Petrobrás, na inflação e no mercado interno.
É lastimável que um diretor da Petrobrás tenha aprendido tão pouco nas dezenas de anos que trabalha na empresa, não tendo conseguido entender a razão dos que idealizaram a criação da empresa.
Lastimável, é o mínimo que se pode dizer em nome do corpo técnico da companhia.
DIRETORIA DA AEPET"
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