Leonardo Boff: “há uma articulação contra o Papa Francisco”
Teólogo e escritor Leonardo Boff afirmou, em entrevista à TV 247, que há uma articulação em curso, formada por bispos e cardeais, que objetiva forçar o Papa Francisco a renunciar. Esse grupo, segundo Boff, é encabeçado por Steve Bannon, ex-assessor de segurança de Trump
Por Regina Zappa, 247 - O teólogo e escritor brasileiro Leonardo Boff afirmou, em entrevista ao programa Estação Sabiá, na TV 247, que está sendo organizada uma articulação contra o Papa Francisco, e que na cabeça dela está Steve Bannon, ex-assessor de segurança de Donald Trump, que “é tão radical que Trump se livrou dele”. Segundo Boff, Bannon criou uma articulação de cristãos, bispos e até cardeais e gente de dentro da Cúria, na perspectiva de obrigar o Papa a renunciar.
Boff discorreu sobre vários temas. Falou sobre o filme Dois Papas, sobre as questões do Vaticano, a violência contra crianças pobres no Brasil, o império da impostura a que estamos submetidos, sobre o especial de Natal da Porta dos Fundos - que ele não aprova, mas desaprova ainda mais a reação violenta do atentado - e sobre a catástrofe para a qual caminha a civilização.
“A civilização está agônica. No meu ver, ela está no caminho de uma grande catástrofe civilizatória. Não é o fim de uma era. É o fim do ensaio civilizatório desse tipo de humanidade. Tem que vir um tipo de ser humano diferente. Que se sinta parte da natureza e sonhe com as estrelas porque somos todos parte desse imenso mistério.”
Ao falar sobre a história de Herodes e sua ordem de degolar todas as crianças abaixo de dois anos porque se sentia ameaçado pelo rei que havia nascido, Boff se emocionou quando citou o texto do Novo Testamento que menciona o choro de Raquel. “Ela chora seus filhos porque eles nunca mais voltarão”. Boff pausou, seus olhos se encheram de lágrimas e ele falou com firmeza: “esse Herodes está aqui no Rio de Janeiro, está no Brasil, estão matando crianças. Faço a lista das crianças entre cinco e 14 anos que foram assassinadas, as mães que choram – pedem para parar de matar seus filhos – e não se para”.
Boff citou importantes economistas, como dois Prêmios Nobel, que advertem para a catástrofe social e ecológica que viveremos se não mudarmos nossa forma de produzir e consumir. “Eles sabem os danos que o capital produz à totalidade das pessoas.”
O teólogo sugere o resgate do coração porque é lá que está o sentimento, a ética, a empatia e o amor. “A revolução verdadeira começa no coração. Esse mundo como conhecemos tem que acabar. Porque ele é desumano demais, é anti-vida, sacrifica a natureza, as pessoas em função da acumulação de bens materiais. Devemos voltar aos bens intangíveis que é amar, cultivar a arte, conviver, tomar sua cervejinha com os amigos. Felicidade não é acumular. Como diz o poeta Mario Quintana, se você quer pegar borboletas para ser feliz, não corra atrás das borboletas. Plante um jardim que elas virão”.
A seguir, outras frases de Boff:
“No Brasil se estabeleceu o império da impostura, através da cabeça desse capitão que mente. O ministro das Relações Exteriores, uma das maiores vergonhas que se criou em nosso país, cria um problema enorme com o Irã e depois se desdiz. [...] Vivemos na época da impostura, onde a verdade não conta. É a pós-verdade [...] Nunca na história da humanidade se abandonou a busca da verdade.”
“Há um verdadeiro genocídio de indígenas, de camponeses, de gente sem terra.”
“Nenhum papa foi tão claro e explícito quanto àqueles que adoram dinheiro, que não têm sensibilidade quanto o Papa Francisco. Mas ele nunca usa o termo capitalista para não irritar os cristãos norte-americanos que se sentem todos capitalistas. Esse sistema que ele chama de sistema de morte, de anti-vida é o sistema dominante.”
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