Luis Nassif: 'quero a minha pátria de volta'
O jornalista Luis Nassif escreve texto em tom emocional sobre o futuro possível de Brasil. Ele diz: "E aí me pergunto: um país que provoca tanta saudade assim nos seus, mesmo nos que foram buscar fora daqui as oportunidades negadas, vai regredir, se tornar refém de fundamentalistas pirados, ser dominado por milícias e integralistas da era da pedra lascada?"
247 - O jornalista Luis Nassif escreve texto em tom emocional sobre o futuro possível de Brasil. Ele diz: "E aí me pergunto: um país que provoca tanta saudade assim nos seus, mesmo nos que foram buscar fora daqui as oportunidades negadas, vai regredir, se tornar refém de fundamentalistas pirados, ser dominado por milícias e integralistas da era da pedra lascada?"
Publicado no jornal GGN, o texto, em tom confessional, relembra passagens da vida do jornalista: "meses atrás me convidaram para entrar em um grupo de Amigos de Poços de Caldas, quase 7 mil pessoas e, surpreendentemente, muitos do meu tempo e da minha geração. Um grupo agradabilíssimo, porque se proibiu qualquer referência à política. Alguns deles fizeram parte do êxodo mineiro dos anos 70, radicando-se nos Estados Unidos. São os mais apegados à terra brasilis. Colecionam fotos antigas da cidade, fotos de amigos, bebem cada informação sobre a terra com a sofreguidão dos náufragos de país."
Nassif, então, faz a pergunta: "um país que provoca tanta saudade assim nos seus, mesmo nos que foram buscar fora daqui as oportunidades negadas, vai regredir, se tornar refém de fundamentalistas pirados, ser dominado por milícias e integralistas da era da pedra lascada?"
E ele mesmo responde: "jamais. Este país tem história, tem valores que foram transmitidos a uma elite familiar, e não se confunda com elite sócio-econômica, mas os brancos, os portugueses, os negros, índios, quilombolas, os turquinhos, italianinhos, judeus, polacos, alemães, franceses, japoneses de todas as extrações sociais, cada qual em seu círculo consolidando a ideia de brasilidade, impondo suavemente as regras sociais sobre a malta que, durante algum tempo, submergiu, dando a impressão de ter se tornado fantasmas do passado."
O jornalista ainda aprofunda o tom emocional e relembra Vinicius de Moraes: "hoje em dia, o país é comandado por milicianos. Mas a pátria vive, acorrentada, humilhada, mas viva. E, de repente, me dá vontade de beijar os olhos de minha pátria, de mimá-la, como disse Vinicius de Moraes no imortal “Pátria Minha”, a pátria que floresceu longe dos palácios do Rio e de Brasília, que se fez pátria em tantos cantos do país, que germinou na mais bela música do planeta, que se fez democrática nos botecos da vida, a música que permitiu, ainda nos anos 20, os filhos da elite rural, na Semana de 22, entenderem que havia um país vivo, por baixo do mofo dos salões."
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