Maioria é contra facilitar compra de armas de fogo, mostra pesquisa
De cada 10 entrevistados, quase 6 rejeitam acesso a aramas; 42% dizem que Bolsonaro contribui para aumento da violência política
Rede Brasil Atual - Nova rodada da pesquisa PoderData, divulgada nesta sexta-feira (22), revela que a maioria da população é contra a ampliação do acesso às armas. Para 58% dos entrevistados, o governo não deveria facilitar a compra de armas de fogo, ante 37% que defendem o contrário. Apesar da posição majoritariamente contrária, o levantamento revela que a pregação armamentista do presidente Jair Bolsonaro (PL) ganha terreno na sociedade. No último levantamento sobre o tema, em abril, 62% eram contra ampliar o acesso às armas de fogo, ante 33% que se diziam favoráveis. Em ambas as ocasiões, 5% não responderam.
Os dados também revelam relação direta entre a aprovação ao governo Bolsonaro e às armas. Entre os 55% que desaprovam o governo, 82% dizem que o acesso a armamentos não deve ser facilitado. Por outro lado, entre os 41% que aprovam a atual gestão, 70% querem mais facilidades para comprar armas.
A repulsa contra a facilitação ao armamento é maior entre os habitantes do Nordeste (65%), jovens de 16 a 24 anos (64%) e mulheres (63%). O apoio às armas é maior no Sul (48%), entre homens (42%) e pessoas de 45 a 59 anos (40%).
Em termos de renda familiar, 61% dos que recebem até dois salários mínimos são contra as armas. Esse índice caí para 54% para aqueles que entre dois e cinco mínimos, e sobe um ponto (55%) para os que ganham acima de cinco mínimos. Em relação à escolaridade, a desaprovação às armas é maior entre as pessoas que completaram o fundamental (61%) e o superior (60%), e menor entre aqueles com ensino médio completo (54%).
Arma na mão de bandido
No mês passado, Bolsonaro afirmou que pretende alcançar 1 milhão de colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) com acesso às armas, se for reeleito. Atualmente, os CACs já somam 884 mil, de acordo com o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma). Por causa da flexibilização dos critérios e fiscalização ineficiente, reportagem da Folha de S.Paulo revelou ontem (21) que um integrante do PCC com 16 processos na Justiça conseguiu comprar legalmente um rifle, uma espingarda, duas carabinas, duas pistolas e um revólver após ter seu certificado de CAC emitido pelo Exército. O homem foi preso e armas, avaliadas em mais de R$ 60 mil, foram apreendidas, em operação da Polícia Federal (PF) em Minas Gerais na semana passada.
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Violência política
O PoderData também questionou se as falas de Bolsonaro estimulam a violência praticada por seus apoiadores. 48% dos entrevistados disseram que não, mas 42% disseram que as declarações do presidente induzem seus apoiadores à violência.
O tema voltou à tona após a morte do petista Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho no último dia 9, em Foz do Iguaçu (PR). Hoje, outro apoiador bolsonarista, que ameaçou “caçar” o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros políticos, além de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), foi preso temporariamente. Em maio, Bolsonaro havia sugerido “uma granadinha” para matar seus opositores petistas.
Novamente, os posicionamentos variam de acordo com a posição do entrevistado em relação ao governo. Entre os que aprovam Bolsonaro, 89% não acreditam que suas declarações estimulem a violência. Por outro lado, entre os que desaprovam o governo, 68% dizem que Bolsonaro estimula atos de violência política.
Democracia na berlinda
Além disso, apenas 21% dos entrevistados afirmam que a democracia no Brasil “vai muito bem”. Os que dizem que a democracia brasileira vai “mal” ou “muito mal” somam 41%. Um terço do eleitorado (33%) diz que o regime democrático no país vai “mais ou menos”. Entre os que dizem que a democracia vai “muito bem”, 42% aprovam o governo Bolsonaro. Em contraste, 44%% dos eleitores que dizem que o regime democrático vai “mal” ou “muito mal” desaprovam o atual governo.
Na última segunda-feira (18), Bolsonaro deu uma das maiores manifestações de desapreço ao regime democrático brasileiro até agora. Em reunião com embaixadores de dezenas de países, ele voltou a levantar suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas. Além disso, atacou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Foram inúmeras as manifestações de repulsa contra os ataques de Bolsonaro. O ministro Edson Fachin disse que é hora de dar um “basta” ao populismo autoritário, e partidos de oposição acionaram os tribunais contra as mentiras propagadas pelo presidente. Organizações da sociedade civil e centrais sindicais também se uniram em defesa da democracia. E até as embaixadas dos Estados Unidos e do Reino Unido soltaram nota em defesa do sistema eleitoral brasileiro.
Os dados da pesquisa PoderData foram coletados dos dias 17 a 19, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3 mil entrevistas em 309 municípios nas 27 unidades da federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%. O registro no TSE é BR-07122/2022.
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