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'Povo brasileiro tem visto desastre do governo de Bolsonaro', diz Lula à Sputnik

"Quem vai derrotar Bolsonaro é o conjunto do povo brasileiro", disse ele, às vésperas de um comício no Rio de Janeiro, que será realizado na Cinelândia, nesta quinta-feira (7)

(Foto: Reprodução | ABr)

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Sputnik Brasil - Entre a liderança nas pesquisas e as discordâncias internas, a "primavera de Lula" está chegando? Em entrevista à Sputnik Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e algumas lideranças da coligação Vamos Juntos pelo Brasil falaram sobre o ato público que será realizado no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (7).

Existe um ar de confiança na campanha presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT), e não é pelo fato, como relatou o ex-presidente Lula à Sputnik Brasil, de seu nome ter ampliado, nas últimas pesquisas, a vantagem sobre o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). "Quem vai derrotar Bolsonaro é o conjunto do povo brasileiro", disse ele, às vésperas de um comício no Rio de Janeiro, que será realizado na Cinelândia, nesta quinta-feira (7), afirmando que os brasileiros têm visto "o desastre" do atual governo.

Após ser lançada em São Paulo, no início de maio, a campanha de Lula chega ao Rio cercada de expectativas. O candidato da coligação a governador do estado, Marcelo Freixo (PSB), figura bem nas atuais pesquisas e tem chance de ser eleito contra Cláudio Castro (PL). Além disso, pesquisas recentes atestam que o ex-presidente está à frente de Bolsonaro no estado (Lula tem 41% e Bolsonaro tem 34%, segundo o Datafolha), embora o Rio de Janeiro seja um importante reduto para a família Bolsonaro.

Mas nem tudo são flores dentro da coligação Vamos Juntos pelo Brasil (PT, PSB, PCdoB, Solidariedade, Psol, PV e Rede). Apesar de o PT tratar a questão como assunto liquidado, André Ceciliano (PT) e Alessandro Molon (PSB) partilham a esperança de serem catalisados pelo "efeito Lula" em uma possível corrida ao Senado, embora apenas um nome possa ser eleito. Ainda não é possível determinar se o "ruído não oficial" entre as siglas atrapalhará os planos de Lula no Rio de Janeiro.

Para compreender até que ponto isso pode se tornar um problema, a Sputnik Brasil conversou com parlamentares da coligação e com a pesquisadora Carolina Botelho, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Como defendeu a deputada Zeidan, uma das principais lideranças do PT no estado, "foi feito um acordo de que o candidato ao Senado seria o André Ceciliano, já que a cabeça de chapa é do PSB aqui no Rio de Janeiro. Tenho certeza de que os partidos chegarão a um acordo, como foi estabelecido entre as direções nacionais".

Molon ou Ceciliano?

Ontem (5), em entrevista ao portal UOL, o deputado federal Alessandro Molon afirmou que ficou "perplexo" com a pressão de Marcelo Freixo para que ele desista da disputa da vaga à Casa legislativa. À Sputnik Brasil, outros parlamentares petistas fizeram coro à fala de Freixo. A vereadora Tainá de Paula, uma das mais votadas no último pleito carioca, explicou que o combinado não sairá caro: "Não tenho dúvida de que os acordos serão cumpridos e a relação sairá fortalecida, com a eleição de um governador do PSB e de um senador do PT".

Segundo ela, "a candidatura de André Ceciliano para o Senado é validada e reforçada não só pelo nosso ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como faz parte de um grande entendimento dentro do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Estamos alinhados e empenhados no esforço de fortalecer a pré-candidatura do André, que muito fez e faz enquanto presidente da ALERJ [Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro] e muito contribuirá no Senado".

Já Dani Balbi (PCdoB), importante liderança feminista no estado e pré-candidata a deputada estadual, explicou que "Molon é, ao lado da Jandira Feghali [PCdoB], o grande nome da opinião pública de esquerda no Rio de Janeiro". Para ela, é importante que "até o fim de julho essa situação esteja resolvida e o nosso campo democrático popular construa a unidade em torno de um único nome". A resposta, como se vê, dá a impressão de que o nome apoiado pela coligação ainda está em aberto.

Enquanto Lula não bate o martelo acerca do tema, o próprio Molon trata a questão dessa forma. Segundo ele, "a única candidatura ao Senado com condições reais de vencer o bolsonarismo é a minha. Ceciliano está muito atrás nas pesquisas. Só o Lula pode dizer em quem ele confia". Em seguida, ele confirmou que estará no ato na Cinelândia. "Pretendo subir no palanque e discursar. Meus candidatos são Lula presidente e Freixo governador. Sou presidente do PSB no estado. Se isso não for suficiente, o que será?", indagou.

O ato na Cinelândia: uma eleição fluminense

No Brasil, a eleição presidencial guarda algumas particularidades para cada estado. Muitos dizem que Minas Gerais, por exemplo, é um estado-pêndulo: quem ganha lá (o maior colégio eleitoral do país) leva o Brasil. Por não se tratar de uma ciência exata, o Rio de Janeiro também tem um peso importante para o pleito presidencial de 2022.

Para a pesquisadora Carolina Botelho, "o Rio de Janeiro, historicamente, cumpre uma função política importante, com manifestações pela democracia que ocorreram logo após o período de redemocratização". Segundo ela, "a cidade simboliza um lugar onde lutas pela democracia estão sendo travadas".

A "recuperação da democracia" é uma das principais bandeiras da coligação Vamos Juntos pelo Brasil. A deputada Zeidan explicou que "o Rio de Janeiro é fundamental para a consolidação da campanha do Lula, para o fortalecimento do projeto petista de governar". Ela citou como exemplo "uma das prefeituras mais importantes do país em termos de políticas públicas, que é Maricá", reduto petista há muitos anos.

André Ceciliano, por sua vez, sustenta que o Rio de Janeiro "é o berço do bolsonarismo, por isso é fundamental que a gente o derrote aqui, onde nasceu o ovo da serpente, que está causando tanto mal ao Brasil". Essa opinião foi partilhada por Tainá de Paula, que disse: "Quando se fala em derrotar o bolsonarismo, essa cidade foi onde esse fenômeno nasceu e deve ser onde o mesmo será derrotado".

O ex-presidente Lula também falou sobre essa questão e, embora tenha afirmado que tem "visitado vários estados no país", acha que é preciso debater amplamente a "defesa da democracia, da inclusão social, e a reconstrução do Brasil". Lula disse que não está preocupado com as pesquisas que o apontam como favorito no estado, "porque o povo brasileiro tem visto o desastre do governo de [Jair] Bolsonaro e sabe que Lula deixou o governo com 87% de aprovação". Em seguida, ele declarou: "Quem vai derrotar Bolsonaro é o conjunto do povo brasileiro".

'A frente ampla que derrotará Bolsonaro'

Muito se duvidou, no início da campanha presidencial de Lula, da capacidade do ex-presidente em angariar partidos de diferentes faixas do espectro político após os escândalos de corrupção envolvendo o Partido dos Trabalhadores. A escolha de Geraldo Alckmin (PSB) para vice na chapa presidencial, entretanto, revelou que Lula continua capaz de conversar com diferentes setores da sociedade.

"O valor maior que nos une é a democracia. Nós precisamos ter boas instituições e fortalecer a federação. Hoje é só briga entre o governo federal, governadores, prefeitos. Vamos unir o país para a gente avançar mais", disse o ex-governador de São Paulo no dia em que foi anunciado como vice.

Abordando a questão da frente ampla, Carolina Botelho defende que o PT "tem feito um trabalho de formiguinha para ampliar sua base eleitoral, e tem feito isso de forma bem-sucedida, sendo o PSB um desses partidos [fundamentais à coligação]". Segundo ela, embora haja estratégias muito específicas para cada região do país, a estratégia petista "foi muito bem-sucedida, com apoio partidário e conversas com atores da sociedade. Ele resgatou a questão da negociação, e isso é importante para a democracia e para o sistema político brasileiro", que vinha sendo colocado em xeque com declarações de Bolsonaro sobre o chamado centrão.

Ela explicou que Lula parece ser o grande articulador dessa campanha, que está chegando em muitos setores, "inclusive aqueles mais refratários ao retorno do PT". Nesse sentido, comentou, "vale a pena pensar na escolha de Geraldo Alckmin como vice, em prol de uma agenda que precisa resgatar o sistema político e a democracia brasileira".

A respeito da frente ampla, Tainá de Paula pontuou que é preciso uma "guinada para que o país tenha uma política de combate à fome, de geração de empregos e de valorização da vida". Para Dani Balbi, "Lula será eleito presidente do Brasil, e trabalharemos ao máximo para que a vitória venha já no primeiro turno". Ela destacou que o "campo democrático popular nunca esteve tão forte", com um "leque muito amplo de partidos, como PCdoB, PSB, PV, PT, Psol e Rede".

Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, ao explicar o programa de governo da coligação, agradeceu o empenho de todas as siglas na construção do documento, que, segundo ela, "apresenta uma saída para o Brasil escapar do governo destrutivo de Jair Bolsonaro". Para ela, o documento é uma "síntese do que pensam todos que estão nesta caminhada".

"Combater a fome e a miséria é a primeira coisa que nós temos que fazer. Garantir comida na mesa do povo brasileiro, garantir que o custo de vida não desestruture as famílias e que a gente tenha um país desenvolvido. Aqui está a saída para o Brasil, não tenho dúvidas", afirmou.

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