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Recibos de equipe de Mauro Cid mostram rotina de depósitos fracionados em intervalo de minutos

Entre os registros disponibilizados à CPI estão pagamentos mensais de R$ 2.840, na conta de Maria Helena Graces de Moraes Braga, tia da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro

Michelle, Jair Bolsonaro e Mauro Cid (Foto: Carla Carniel/Reuters | Alan Santos/Presidência da República)

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247 - Os e-mails obtidos pela CPI dos Atos Golpistas, realizada no Congresso Nacional, revelaram detalhes intrigantes sobre a prática de saques e pagamentos em dinheiro vivo. Os registros nos arquivos de e-mails de nove ajudantes de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mostram um padrão peculiar de depósitos fragmentados em contas bancárias. O conteúdo dessas comunicações foi fornecido à CPI e o site Metrópoles teve acesso exclusivo a essas informações.

Além de evidenciar gastos pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, como despesas em salões de beleza e serviços de manicure, os documentos demonstram uma prática comum de realizar depósitos em pequenas quantias, em intervalos de minutos, para a mesma conta. Entre os registros disponibilizados à CPI neste ano, destaca-se o caso de pagamentos mensais de R$ 2.840, efetuados de forma fragmentada, na conta de Maria Helena Graces de Moraes Braga. Ela é tia da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e também foi funcionária do gabinete de Bolsonaro durante seu mandato como deputado. >>> Mauro Cid fez 99 tentativas para acessar email funcional após governo Lula desativá-lo

Em um exemplo concreto, no dia 18 de agosto do ano anterior, a mencionada conta recebeu um total dividido em três depósitos: R$ 1 mil às 09:24:56, outro R$ 1 mil às 09:26:20 e, por fim, R$ 840 às 09:27:57. Essa prática de realizar três depósitos também ocorreu em novembro, enquanto em outros meses a configuração variava, como em outubro e novembro, com dois depósitos.

Um outro caso relevante é o de Adriano Alves Teperino, ajudante de ordem, que recebeu quatro depósitos de R$ 1 mil cada, em um intervalo de apenas quatro minutos, no dia 26 de setembro do ano anterior.

A prática de depósitos fragmentados e de baixos valores é comumente utilizada para evitar a detecção por autoridades financeiras, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), quando se suspeita de atividades ilícitas. Essa estratégia visa mascarar o montante total das transações.

Outro achado notável é um depósito de R$ 3,7 mil para Edenilson Nogueira Garcia, ex-marido de Wal do Açaí. Wal é suspeita de ter ocupado um cargo fantasma no gabinete de Bolsonaro durante seu tempo como deputado federal. Esse pagamento a Edenilson ocorreu em janeiro do ano anterior. A conta de Edenilson foi alvo de investigação pelo Ministério Público Federal (MPF) devido a suspeitas relacionadas à ex-esposa, que estava lotada como servidora em Brasília, mas alegadamente trabalhava vendendo açaí em Angra dos Reis e retirava a maior parte de seu salário.

Mesmo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não escapou da prática de depósitos fragmentados em dinheiro. Em um exemplo específico, no dia 10 de fevereiro do ano anterior, ela recebeu um total de R$ 4,7 mil divididos em cinco depósitos distintos, todos realizados em um intervalo de menos de 10 minutos, durante a tarde.

Conforme revelado pelo Metrópoles em uma matéria recente, ao longo de 11 dias, a equipe de Mauro Cid fez pelo menos 45 operações bancárias, totalizando mais de R$ 60 mil depositados na conta de Michelle.

Esses registros de e-mails da equipe de Mauro Cid destacam a frequente prática de pagamentos fracionados em curtos intervalos de tempo. Um caso que veio à tona em janeiro do ano passado apontou a existência de uma forma de "caixa dois" no Palácio do Planalto, comandada por Cid, que lidava com o pagamento de várias despesas do círculo presidencial, muitas vezes em dinheiro vivo e em mãos. Entre esses gastos, estavam até mesmo faturas de cartões de crédito utilizados por amigas de Michelle, que eram cedidos à então primeira-dama. Conforme detalhado na reportagem, Cid gerenciava esse esquema, que incluía fundos provenientes de saques de cartões corporativos.

O Metrópoles procurou as defesas de Cid, Bolsonaro, Adriano e Maria Helena para comentários, mas até o momento não recebeu resposta. Edenilson, contatado por telefone, negou ter trabalhado para Bolsonaro e não abordou o depósito em sua conta. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.

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