HOME > Brasil

Tacla Duran questiona Moro após relatório do CNJ: 'onde está o dinheiro, Russo?'

Relatório divulgado nesta sexta-feira (15) aponta indício de conluio de magistrados brasileiros que atuaram nas investigações com autoridades estrangeiras

(Foto: ABR | Reprodução)

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 com Sputnik Brasil - O advogado Rodrigo Tacla Duran questionou o ex-juiz suspeito e atual senador Sérgio Moro sobre o relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre ilegalidades na gestão de recursos oriundos de acordos de delação e de leniência na Lava Jato. "Aonde está o dinheiro Russo?", questionou Tacla Duran pelas redes sociais. Russo era o apelido de Moro entre os procuradores da força-tarefa. 

Segundo o relatório parcial divulgado pelo CNJ, que analisa as atividades da 13ª Vara Federal de Curitiba, que liderou a operação, magistrados que atuaram nos trabalhos da operação, entre eles o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR), tiveram uma condução caótica e sem transparência no controle dos acordos. "O trabalho correcional encontrou uma gestão caótica no controle de valores oriundos de acordos de colaboração e de leniência firmados com o Ministério Público Federal e homologados pelo juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba", diz o relatório.

Segundo o documento, os trabalhos da CNJ indicaram "possíveis irregularidades relacionadas aos fluxos de trabalho desenvolvidos durante as investigações e ações penais da operação Lava Jato, fazendo-se necessário verificar se configurariam falta disciplinar perpetrada pelos magistrados que atuaram, ao longo dos anos, na 13ª Vara Federal de Curitiba".

De acordo com o texto, foram identificadas ações e omissões que indicariam uma atuação destituída quanto ao zelo exigido dos magistrados nos processos, que conferiram destinação a valores oriundos de colaborações e de acordos de leniência. "Os trabalhos realizados pela equipe de correição identificaram que os pagamentos à companhia [Petrobras] totalizaram R$ 2,1 bilhões e foram feitos entre 2015 e 2018, período em que a Petrobras era investigada nos EUA."

O relatório destaca a possível existência de um conluio entre operadores do sistema de justiça para prestigiar a Petrobras. "Ao contrário da menção ao atendimento do 'interesse público' e da 'sociedade brasileira', as cláusulas do acordo de assunção de compromissos firmado entre força-tarefa e Petrobras prestigiavam a Petrobras, a força-tarefa, em sua intenção de criar uma fundação privada, um grupo restrito de acionistas minoritários, delimitados por um dos critérios eleitos pelas partes."

O relatório também cita as cláusulas referentes aos valores dos acordos de leniência firmados pela Odebrecht e pela Braskem junto ao Ministério Público Federal (MPF), que foram homologados pela 13ª Vara Federal de Curitiba. "Em princípio, constatou-se que os valores apontados obedeceram a critérios de autoridades estrangeiras, o que soa como absurdo, teratológico", diz o relatório.

O relatório da CNJ foi elaborado pela equipe do corregedor-nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, e faz parte de uma inspeção nas atividades da 13ª Vara Federal de Curitiba. O relatório final será submetido à apreciação e julgamento do plenário do CNJ.

O trabalho faz parte da decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, na semana passada, determinou a anulação de todas as provas obtidas no acordo de leniência da Odebrecht, e ordenou à Procuradoria-Geral da República (PGR) e outros órgãos que identifiquem agentes públicos que atuaram e praticaram os atos relacionados ao acordo de leniência fechado com a empreiteira.

Rodrigo Tacla Duran - Tacla Duran denuncia ser perseguido pela Lava Jato desde 2016, depois que teve uma conversa pelo aplicativo Wickr com o também advogado Carlos Zucolotto Júnior, padrinho de casamento de Moro e Rosângela Moro. Tacla Duran apresentou print de tela do celular de conversas com Zucolotto em que este pede 5 milhões de dólares por fora para conseguir benefícios num acordo de delação premiada. Tacla Duran também já apresentou o comprovante de uma transferência bancária para o advogado Marlus Arns no valor de 612 mil dólares (cerca de 3 milhões de reais) como pagamento de uma parcela do que seria a propina exigida por Zucolotto.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: