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    "Todo nazista é bolsonarista", diz pastor Ed René Kivitz

    "Não estamos escolhendo apenas o tipo de governo que desejamos, mas em qual sociedade queremos viver", disse o religioso

    Ed René Kivitz e bolsonaristas (Foto: Reprodução/Youtube | Amanda Perobelli/Reuters)
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    247 - O pastor da Igreja Batista de Água Branca (SP) Ed René Kivitz criticou duramente o bolsonarismo, o avanço do conservadorismo fundamentealista de caráter religioso e afirmou considerar a eleição do ex-presidente Luiz Inácio da Silva (PT) como algo necessário para “salvar a democracia”. 

    “A minha esperança é que a democracia seja salva. E no meu entendimento, a derrota de Bolsonaro e a eleição de Lula é o único caminho para que isso se realize. Se o presidente for reeleito, com esse Congresso conservador e maioria no Senado e na Câmara, ele tem os recursos nas mãos para subversão do Estado Democrático de Direito. É o golpe dentro da democracia”, disse Kivitz à coluna da jornalista Eliane Trindade, do jornal Folha de S. Paulo.

    "Não estamos escolhendo apenas o tipo de governo que desejamos, mas em qual sociedade queremos viver", ressaltou o religioso em um outro ponto da entrevista. “Os conservadores querem um Brasil em que hierarquias sejam mantidas, onde os brancos valem mais que os pretos, os homens mais que as mulheres, os ricos mais que os pobres, os heterossexuais mais que os homossexuais, o Sul mais que o Norte e Nordeste e assim por diante”, completou.

    Ainda segundo ele, “o bolsonarismo é reação da sociedade conservadora para tentar brecar um forte processo de emancipação da mulher e de superação do racismo nas relações pessoais e nas estruturas sociais. O conservadorismo considera a degeneração social essa sociedade plural, horizontal, igualitária e libertária”.

    Ainda segundo o teólogo, “o bolsonarismo é uma ideia, uma ideologia que prescinde do Bolsonaro. Ele não tem genialidade para dar sustentação a um sistema de ideias. As piadas e o chamado politicamente incorreto que vocaliza à exaustão reproduzem e retroalimentam essa ideia maldita. Vou dizer uma coisa muito forte. Nem todo bolsonarista é nazista, mas todo nazista é bolsonarista. Todo supremacista, quer seja social, racial, de gênero, é bolsonarista”.

    Kivitz, que chegou a ser expulso da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, também condenou o uso político do púlpito das igrejas e templos no Brasil.

    “Uso do púlpito como recurso de campanha é uma traição às duas instâncias: do estado democrático de direito e da igreja. Quando alguém do púlpito, que é o lugar da representatividade divina, faz campanha eleitoral, não se sabe se aquela pessoa é da confiança de Deus ou do imperador. Isso degenera o discurso religioso. Também é uma traição ao espírito do estado de direito porque quando se associa a figura do presidente a uma unção divina, você dá a ele um poder absoluto. Quem fala em nome de Deus ou está lá porque Deus ungiu não pode ser questionado nem substituído”, afirmou. 

    “Quando opto por uma candidatura, no púlpito ou fora, eu me comprometo. O que fiz até agora é tentar mostrar as incoerências e contradições do bolsonarismo para com o espírito do Evangelho. Cheguei até aí”, destacou. 

    “Estou discutindo democracia, o sistema que protege as minorias. É isso que vejo em risco, inclusive com força militar, paramilitar e miliciana armada. Na cabeça do presidente e de seus seguidores, democracia é o governo da maioria. Eles dizem: Ou a minoria se adequa ou procura outro lugar para viver. Isso não é democracia, é totalitarismo”, completou em seguida.

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