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Vídeos e áudios revelam policial civil e ex-presidente do Santos negociando devolução de cocaína apreendida para traficantes

Quatro policiais civis e integrantes de facção criminosa foram presos preventivamente pela negociação de cocaína apreendida em operação policial

Orlando Rollo, ex-presidente do Santos e investigador da Polícia Civil, foi preso em operação do GAECO (Foto: Reprodução/TV Tribuna)

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247 - Ex-presidente do Santos Futebol Clube e investigador da Polícia Civil, Orlando Rollo, e de outros quatro policiais, tiveram suas prisões mantidas. Ele é suspeito de negociar cargas de cocaína apreendidas em ações policiais com a maior facção criminosa do Brasil. Segundo promotores do Gaeco, os agentes negociaram a devolução de quase 800 kg de cocaína em troca de pagamento de propina.

A TV Tribunal e o G1 tiveram acesso à denúncia que manteve as prisões. Imagens e áudios mostram o ex-presidente do Santos em ação, na negociação de cocaína apreendida em troca de propina.

Um dos vídeos obtidos durante a investigação mostra o exato momento em que Rollo negociava com João Armôa Neto, advogado de Vinycius Soares da Costa, apontado como o braço direito de André Oliveira Macedo, o André do Rap, um dos maiores traficantes internacionais de drogas ligado ao PCC.

"Eu tenho interesse total, entendeu? Em ir contigo o quanto antes até porque eu preciso agilizar o meu trabalho. O problema é que a Receita Federal foi acionada por causa do contêiner e só tem nós para fazer esse trabalho de apoio, entendeu?", diz Rollo em vídeo, enviando um áudio que seria para o advogado por meio de um aplicativo de mensagens.

O Ministério Público aponta que a troca de mensagens envolvendo Rollo e Armôa revela um esquema de pagamento de propina para investigadores da Polícia Civil, iniciado em 6 de agosto, de acordo com a denúncia do Gaeco. 

Rollo e outros três policiais da equipe dele receberam uma denúncia de que uma grande quantidade de cocaína seria repassada de um caminhão para outro na Rodovia Cônego Domenico Rangoni, com destino o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ). A partir daí, segundo o Gaeco, os policiais decidiram desviar a maior parte da cocaína encontrada dentro do caminhão. No mesmo dia, Armôa e Vinycius teriam conversado sobre o início da negociação e a devolução da droga. O advogado e Rollo, segundo o MP, começaram a trocar mensagens para negociar a devolução das drogas. O advogado perguntou se o encontro poderia ser no 3° DP e o investigador confirmou.

Armôa mandou um áudio para Vinycius informando o que havia sido combinado com Rollo. Como a Receita Federal estava acompanhando a apreensão da droga, o encontro foi adiado, mas Armôa e o ex-presidente do Santos voltaram a trocar mensagens.

Os policiais denunciados exigiam R$ 4 milhões, e Vinycius aceitou pagar apenas R$ 3 milhões, de acordo com promotores do Gaeco. Como não houve acordo, Armôa retomou as conversas com outro suposto integrante, identificado como Peligro, que aceitou devolver os 790 kg de cocaína pelo valor solicitado.

Segundo o Ministério Público, Vinycius e Armôa aceitaram o pagamento de R$ 4 milhões. No entanto, a operação não deu certo porque o traficante foi preso em 8 de agosto e um mês depois o advogado também foi preso. Já Rollo e outros três policiais civis foram presos durante uma operação em 18 de novembro.

A justiça aceitou o pedido de conversão da prisão temporária em preventiva feito pelos promotores. O advogado de Rollo disse que não concorda com a decretação da prisão preventiva e vai entrar com um recurso para revogar a prisão, enquanto a defesa do advogado João Armôa Junior disse que analisará a denúncia do Ministério Público e que irá recorrer da prisão preventiva.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decretou a prisão preventiva do ex-presidente do Santos Futebol Clube e investigador da Polícia Civil, Orlando Rollo. O Juiz da 5ª Vara Criminal da Comarca de Santos, Walter Luiz Esteves de Azevedo, também decretou a prisão preventiva de outros agentes da polícia civil suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas e crimes contra administração pública: Joaquim Carlos de Freitas Bonorino Filho, Marcelo Silva Paulo e Ricardo de Almeida Razões.

Ainda, também foi decretada a prisão preventiva de João Manoel Armôa Junior, considerado a ponte entre os traficantes e os policiais para o pagamento de propina pela liberação da droga apreendida. Vinicyus Soares da Costa é apontado como líder da facção criminosa na região, e também entrou na lista para ser preso preventivamente, assim como Tiago Lima Gregório, apontado pela polícia como o proprietário do caminhão que transportava as drogas.

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