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    Drauzio Varella: Brasil será o epicentro do coronavírus no mundo

    Para o médico, a discussão entre isolamento social e reativação da economia é inútil “porque não vamos conseguir ativar a economia no meio de uma pandemia”. “Essa discussão de que o país vai quebrar é artificial, política”, afirmou ainda, em transmissão com a Oxfam

    Drauzio Varella (Foto: Divulgação | Reuters)

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    247 - O médico cancerologista Drauzio Varella participou na última quinta-feira (14) de uma live da Oxfam Brasil no canal da entidade no YouTube e foi enfático na mensagem: “Respeitem o isolamento social. Essa discussão de que o país vai quebrar é artificial, política. Não é baseada em dados sérios”. 

    Segundo ele, não adianta querer liberar as pessoas para voltarem ao trabalho e para consumir. “Será uma grande tragédia coletiva e ineficaz. Porque não vamos conseguir ativar a economia no meio de uma pandemia”, declarou. “A troco de que outros países do mundo iriam decretar o isolamento se não houvesse necessidade? Eles são idiotas? Não. Eles se conscientizaram de que era necessário evitar uma grande tragédia”. 

    Para Drauzio, é o Estado que deve dar condições financeiras para que a população mais pobre consiga realizar o necessário isolamento social. Na opinião do médico, a população brasileira está pagando a conta da imensa desigualdade social do país. “Fizemos escolhas muito ruins ao longo de décadas e não priorizamos o combate à desigualdade”, disse. 

    Carmen Silva, coordenadora do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC), que também esteve na transmissão, concorda com o médico. “A Covid-19 reverbera o que a gente vem dizendo há anos: Quem não tem moradia, não tem saúde. Ter de pagar aluguel tira dinheiro da alimentação e da saúde. E as habitações precárias, com adensamento excessivo, em que várias pessoas compartilham o mesmo cômodo, provoca doenças”. Para a ativista social, quando as pessoas enfrentam uma fatalidade, elas logo pensam em criar regras novas. “Não precisa de nada disso. É só respeitar a Constituição, os direitos básicos dos cidadãos, como o direito à moradia. Já temos leis que nos garantem isso. Vamos aprender a exigir o que está na Constituição”. 

    Kátia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil, falou sobre a banalização da desigualdade. “É impressionante como a gente naturalizou a desigualdade. Como se ela fosse algo divino. Não é. As desigualdades foram construídas. E precisamos lutar para reduzi-las.” 

    Drauzio Varella previu que, em pouco tempo, o Brasil vai ser o epicentro da pandemia mundial, ultrapassando o número de casos dos Estados Unidos. “Teremos o maior número de casos e seremos o local onde a epidemia se dissemina com maior rapidez”. Um dos motivos é a dificuldade de se manter o isolamento social por conta da condição de pobreza da maioria da população. “Pessoas que moram todas juntas, com criança chorando, idoso junto, com falta de dinheiro. Como é que você segura todo mundo dentro de casa? Não dá, é muito difícil. A única arma que nós temos é o isolamento social, mas é difícil mantê-lo”.

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