Luana Araújo afirma que insistência em cloroquina é "ideia delirante"
A médica Luana Araújo, cuja indicação para cargo superior no Ministério da Saúde foi retirada por pressão de Jair Bolsonaro, refuta as teses negacionistas do governo sobre a pandemia
247 - A médica infectologista Luana Araújo rebateu em entrevista à Folha de S.Paulo a versão apresentada à CPI da Covid pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que afirmou ter retirado a indicação por conta própria em razão de resistências na classe médica ao nome da especialista.
"O que depreendi da fala do ministro é que o meu comportamento pró-ciência é desagregador. Mas, se o comportamento agregador não é o pró-ciência, a quem estamos querendo agregar?", questiona.
Luana Araújo avalia que o Brasil nunca saiu da primeira onda da Covid e considera "equivocadas" as estratégias adotadas pelo governo para enfrentar a pandemia.
Para a médica, que fez críticas na CPI à busca por medicamentos sem eficácia, gastar tempo, energia e dinheiro em discussões como a cloroquina é uma ideia delirante.
Ela afirma sobre a decisão do governo de não mais nomeá-la para o cargo depois de ter sido indicada que nunca houve nenhuma dificuldade técnica, pelo contrário. "O que aconteceu é que foram resgatadas declarações minhas" [de antes de assumir o cargo, contra o uso de cloroquina para a Covid, por exemplo].
Luana Araújo reafirma o que disse na CPI sobre como o ministro Queiroga lhe comunicou que não seria mais nomeada: "O ministro chegou a falar em uma questão de validação política que, para mim, técnica, não filiada e apartidária, só pode ter sido atribuída a meu posicionamento pró-ciência. Mas um cargo técnico ter virado questão de validação política é extremamente temerário. Isso me deixa um pouco constrangida com eventuais rumos".
Quando fala em estratégias equivocadas, a médica se refere ao "investimento feito em medicações que não são apropriadas como estratégia prioritária de política pública, a falta de informação clara, precisa e única para a população, pouco investimento na testagem, a não utilização da atenção primária como ferramenta básica de combate à epidemia e o direcionamento da resposta à atenção terciária" [rede de hospitais].
Questionada por que muitos médicos se posicionaram a favor de medicamentos sem eficácia para a Covid, a médica afirmou que "existe uma falha na educação médica que sempre foi importante, mas que a pandemia evidenciou. Uma dificuldade enorme de compreensão de epidemiologia, do que é um artigo científico, como interpretar metodologias".
Leia a íntegra na Folha de S.Paulo
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