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    E da leitura, alguém se lembra?

    A internet, sem dúvida, é um grande avanço que representa uma revolução do comportamento humano. Entretanto, pode acabar com a criatividade infantil

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    Uma recente pesquisa realizada pelo Ministério da Cultura apontou que apenas metade da população tem o hábito de ler, apresentando uma média de quatro livros por ano.

    Será que a leitura perdeu a sua importância social? Acredito que não. Quando uma criança deixa de ler um livro ela está abrindo mão de sua imaginação. A internet, sem dúvida, é um grande avanço que representa uma revolução do comportamento humano. Entretanto, pode acabar com a criatividade infantil.

    Atualmente, boa parte dos jovens usa o mesmo corte de cabelo, gosta dos mesmos cantores, veste as mesmas roupas e considera que o c.d.f. da turma é aquele que assiste o Discovery Channel. Onde está a diversidade? Não existe mais a carteirinha da biblioteca? A impressão que tenho é a de que o comportamento humano foi padronizado.

    Algumas pessoas, equivocadamente, responsabilizam o excesso de informação pela baixa média de leitura. Ora, informação nunca é demais, aparentemente o erro é o de não haver uma orientação adequada para os jovens usarem a internet da forma mais eficiente possível. Já pensou no barato que vai ser quando esta juventude informatizada descobrir que sua influência na política vai bem mais além do que protestar criando uma hashtag no twitter?

    Desenvolver um hábito de leitura nas escolas, além de formar cidadãos críticos, melhoraria o desempenho dos alunos em todas as disciplinas, inclusive em Matemática. Nunca notou que a maior dificuldade não é em realizar as quatro operações básicas, mas em entender o que representa cada uma delas? Ou vai dizer que você ainda não ouviu alguém falando que achava o “arme e efetue” bem mais fácil que os “probleminhas”?

    É fato que as maiores dificuldades das pessoas estão relacionadas com interpretação de texto. Não sou contra os BBB´s e nem os UFC´s da vida, mas me pergunto se não haveria um pequeno espaço na programação para incentivar a cultura? Seria interessante que deixassem bem claro que programas desse tipo não passam de entretenimento.

    Os canais de televisão vivem mostrando mulheres com corpos esculturais, homens com músculos bem definidos, mulheres fúteis gastando dinheiro displicentemente, famílias expondo suas mazelas para o público, e se esquecem do cérebro.

    Esta massa cinzenta que fica dentro do crânio de cada pessoa não é um músculo, porém precisa ser igualmente exercitada. Se você assistir um filme bom, leia o livro que o inspirou. Se achar um assunto interessante, não se contente apenas com as informações do Wikipédia sobre ele, procure livros que abordam o tema e aprofunde seu conhecimento. Se você gosta de carros, faça assinatura de uma revista sobre automobilismo. E se não tem interesse por nada disso, leia na Contigo a fofoca sobre algum artista ou o resumo da sua novela preferida no jornal, mas não deixe de ler.

    Rodolfo Melo é formado em matemática, estudioso sobre educação e prova viva de que matemático também lê. Escreve para o blog História da Estória

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