HOME > Economia

Belluzo: BC tem papel social, mas debate não pode cair no espírito de "torcida de futebol"

"É um problema mais complexo do que está posto aí de a favor do Banco Central ou contra ele", disse o economista

Luiz Gonzaga Belluzo (Foto: 247)

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - O economista Luiz Gonzaga Belluzo afirmou, em entrevista ao Painel da Folha de S. Paulo, que o debate sobre a taxa básica de juros não pode cair em clima de "torcida de futebol", e que o debate sobre a questão da inflação é complexo e exige mais cautela. 

Ainda assim, Belluzo defendeu que o Banco Central, comandado por Roberto Campos Neto, entenda o seu papel social. Em sua explicação, o economista aludiu ao período pós-Segunda Guerra Mundial:

"Houve um debate muito amplo no passado. Eu falei do pós-guerra, os alemães, sobretudo, que sofriam as lembranças da grande inflação, fizeram sistema de coordenação de preços na negociação entre trabalhadores e empresários. O banco central da Alemanha, Bundesbank, só decidia a taxa de juros depois de ter auscultado a negociação entre eles. É uma organização social. Se negociava salários e depois o Banco Central decidia a taxa de juros", disse.

"Aliás, os bancos centrais usavam pouco a taxa de juros. Usavam muito mais o controle quantitativo do crédito. O que eu quero dizer é que é um problema mais complexo do que está posto aí de a favor do Banco Central ou contra ele. Isso só é verdadeiro na arquibancada de futebol. É torcida de um contra outro".

Questionado se o debate entrou na "área da torcida" após emergir que Campos Neto é bolsonarista, Belluzo respondeu:

"Sem dúvida. O problema é que, em geral, se parte do princípio de que a economia é uma ciência restrita a considerações técnicas. A política faz parte da vida da sociedade. O BC é uma instituição de estado. A construção dessas instituições faz parte do jogo de regulação do mercado. Elas são também instituições políticas".

A manutenção da taxa básica de juros a 13,75% pelo BC é vista pelo presidente Lula como um impedimento ao crescimento econômico que o País precisa para a reconstrução nacional. As taxas elevadas beneficiam o rentismo, uma atividade improdutiva e que favorece apenas o mercado financeiro, e podem ser ineficazes em combater a inflação. 

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: