HOME > Economia

Bilionários da Americanas aceitam lock-up e ficarão três anos sem vender ações da empresa

Medida faz parte de um plano de reestruturação. Em janeiro, um rombo contábil de R$ 20 bi dobrou a dívida da empresa e resultou na corrida de credores exigindo pagamento antecipado

Carlos Alberto Sicupira, Paulo Lemann e Marcel Telles (Foto: Reprodução | Divulgação/Expert)

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - Os acionistas bilionários da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, concordaram em ficar um período de cerca de três anos sem vender ações da empresa como parte de um plano de reestruturação, de acordo com fontes ouvidas pelo Valor Econômico.

Embora a duração exata do período de lock-up ainda não esteja definida, os bancos credores sugeriram que seja pelo menos até 2027. As negociações estão em andamento.

A Americanas tem buscado um plano de reestruturação junto aos bancos desde que revelou, em janeiro deste ano, um rombo contábil de R$ 20 bilhões, que dobrou sua dívida e resultou na corrida dos credores para exigir o pagamento antecipado. Como resultado, a empresa precisou entrar com pedido de recuperação judicial.

De acordo com o plano em discussão, Lemann, Telles e Sicupira injetariam imediatamente R$ 10 bilhões na empresa e considerariam a adição de mais R$ 2 bilhões em duas parcelas, uma em 2026 e outra em 2027, dependendo das métricas de alavancagem ou liquidez.

Atualmente, os três acionistas detêm em conjunto cerca de 30% das ações da Americanas. Caso realizem o aumento de capital de R$ 10 bilhões, sua participação na empresa será ampliada, dependendo do interesse de outros acionistas na oferta pública.

Além dos acionistas, os bancos credores também teriam ações da Americanas, pois estão dispostos a aderir a um pacote de R$ 10 bilhões, que inclui a conversão de dívida em ações. As fontes informaram que os bancos também ficariam sujeitos a um período de lock-up para parte de sua participação na empresa.

Enquanto isso, um grupo de detentores de títulos locais, em colaboração com o Felsberg Advogados, está preparando um documento para apresentar à Americanas. O grupo busca solicitar um desconto menor sobre o valor de face da dívida no leilão reverso proposto no plano, cujo valor inicial é de 70%. Esses detentores de títulos também estão solicitando que o pacote de R$ 10 bilhões em swap inclua uma opção de dívida pura, ou seja, títulos não conversíveis em ações. Essa demanda se baseia no fato de que muitos fundos locais que possuem dívida simples da Americanas não podem deter ações ou títulos conversíveis.

A Americanas continua empenhada em avançar com seu plano de reestruturação, buscando soluções que permitam a estabilização financeira e a retomada do crescimento da empresa. A expectativa é que as negociações prossigam e sejam divulgadas informações mais detalhadas sobre o plano nos próximos meses.

Lock-up - No linguajar do mercado financeiro, "lock-up" refere-se a um período de restrição ou proibição de venda de ações por parte de acionistas ou colaboradores de uma empresa. Durante o período de lock-up, os detentores das ações estão impedidos de vender ou transferir seus ativos, o que é geralmente acordado em contratos ou acordos específicos.

Essa restrição tem como objetivo evitar a volatilidade excessiva no mercado acionário, proteger o valor das ações e manter a estabilidade da empresa em determinados momentos críticos, como após uma oferta pública inicial (IPO) ou durante um processo de reestruturação financeira. O lock-up garante que os principais acionistas ou investidores estratégicos não abandonem a empresa logo após um evento importante, permitindo que ela siga um plano de ação definido.

O período de lock-up pode variar em duração, dependendo dos termos acordados entre as partes envolvidas. É comum ver lock-ups de alguns meses a alguns anos, durante os quais os acionistas não podem vender suas ações. Essa restrição normalmente é aplicada tanto aos acionistas internos (como fundadores, executivos ou investidores de longo prazo) quanto a acionistas externos que adquiriram ações da empresa em um evento específico, como uma oferta pública de venda (follow-on offering).

Ao fim do período de lock-up, os acionistas podem então vender suas ações no mercado, se assim desejarem. Essa liberação pode ter impacto sobre a liquidez das ações da empresa e no preço de mercado, especialmente se um grande volume de ações for colocado à venda de uma só vez.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: