Desarranjo
Espera-se que o governo opte por um caminho que traga crescimento econômico, mas que mantenha o equilíbrio fiscal, sem perder a estabilidade e confiança institucional criada ao longo dos anos
Um raro momento de esperança tomou conta do mercado financeiro. Expectativas de todas as análises econômicas eram que, diante da constatação do fracasso da política macroeconômica, o governo promovesse uma guinada, restabelecesse o status do Banco Central de assegurador da inflação e retomasse uma política fiscal consistente, que elimine as aventuras contábeis e impedisse a tentativa de gerir a economia por impulso, sem planejamento.
O que se viu na verdade foi a certeza que o Banco Central estará sozinha na missão de segurar a inflação, e a promessa de queda de juros não poderá ser completada, uma vez que a ferramenta a ser utilizada para segurar o índice inflacionário será a Taxa Selic.
Uma armadilha de baixo crescimento, alta inflação, descontrole fiscal é o pior dos cenários para a tentativa de reeleição para 2014. Tudo isso só não é pior devido ao nível de emprego crescente e nível de renda dos trabalhadores sob situação estável.
Sobre as ações inovadoras em nossa contabilidade social, o governo espera agora bancar reduzir os impactos através de concessões que dinamizem os setores e acelerem o nível de arrecadação.
A discussão sobre os reflexos deste período ao que se refere a condução econômica é tratado como algo dúbio. Para muitos, nos quais me incluo, é um momento de desconstrução das bases ortodoxas estabelecidas ao longo dos anos, desde FHC até a era Henrique Meirelles. Para outros, é uma forma de inovar no tratamento econômico e o custo desta inovação é o sacrifício das contas públicas.
O momento de apatia na economia é grave. Algumas instituições perderam credibilidade, e as expectativas negativas no mercado estão crescentes. É inegável que o governo vive um momento ruim, tanto econômico como de sua articulação política.
As sonoras vaias recebidas pela Presidenta na solenidade de abertura da Copa das Confederações são pequenos reflexos de momento delicado pelo qual passa o governo. Nem o pedido de Fair Play do presidente da FIFA foi aceito como ato de comoção.
Para piorar o momento, o câmbio está fora das expectativas dos planejadores federais, e sua monitoração passa a ser objeto central de preocupação. Os discursos recentes de Dilma, reafirmando o total controle sobre os agentes econômicos, apenas confirma o desconforto com as críticas recebidas.
Caso haja uma reação econômica no segundo semestre, Dilma Rousseff terá sido uma importante fiadora da maneira inovadora de conduzir a economia nacional, pois participou de forma muito direta em todas as ações. Assim poderá colher os louros da decisão.
A janela de mudança na condução econômica é agora, antes de virarmos o segundo semestre, pois os resultados de alterações no presente deverão ser sentidas apenas no final de 2013 ou inicio de 2014. Se a manutenção das escolhas trilharem por um caminho tortuoso, o ônus da queda econômica poderá atrapalhar os projetos políticos de 2014.
Se os resultados do segundo semestre não aparecerem de forma positiva, o governo federal precisará assinar um atestado de descontrole, e as metas fiscais já estarão latentes de descumprimentos, pois o tempo de recuperação estará exaurido.
Para complicar o cenário da retomada econômica brasileira, países como EUA e Alemanha não estão em seus melhores momentos institucionais. Pelo lado de Washington, Obama sofre severos desgastes pela forma com que se relaciona com sua política fiscal e pela inabilidade pelo qual o FED apresenta na condução da crise econômica. Como solução para a economia estadunidense, o governo flerta com apoio do FMI para tentar dinamizar suas demandas.
A resignada Ângela Merkel, mantém sua estratégia de reconstruir sua imagem duramente desgastada pela defesa veemente dos cortes de gastos em toda Europa. Parece-me que Merkel busca olhar para sua economia, sua situação frente ao eleitorado e as alterações dos índices de confiança dos alemães na economia.
Enfim, espera-se que o governo opte por um caminho que traga crescimento econômico, mas que mantenha o equilíbrio fiscal nacional, sem perder a estabilidade e confiança institucional criada ao longo dos anos. É importante mantermos as ações modernizadoras do Estado, aglutinando forças privadas e públicas no desenvolvimento nacional.
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