Dólar recua ante real com acenos do governo eleito à moderação fiscal
Moeda à vista caiu 0,58%, a R$ 5,3750 na venda. Queda veio depois de, na véspera, ter disparado acima de R$ 5,50 nos picos da sessão em resposta à minuta da PEC da Transição
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caiu frente ao real nesta sexta-feira, revertendo avanço registrado na véspera após tentativas do governo eleito de tranquilizar os mercados quanto ao risco de descontrole fiscal na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.
A moeda norte-americana à vista caiu 0,58%, a 5,3750 reais na venda, mas fechou bem acima da mínimas do dia, depois de mais cedo ter chegado a ceder 1,45%, a 5,3280 reais.
A queda veio depois de, na véspera, o dólar ter disparado acima de 5,50 reais nos picos da sessão em resposta à minuta da PEC da Transição. O texto apresentado pelo governo eleito nesta semana embutiu proposta de excepcionalizar 175 bilhões de reais do teto de gastos para o pagamento do Bolsa Família por tempo indeterminado.
Diante da reação adversa de investidores ao desenho da PEC, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin afirmou na quinta-feira que a reação do mercado é momentânea e será superada, e garantiu que o governo Lula vai discutir um novo arcabouço fiscal em algum momento.
"Isso de certa forma ajudou a acalmar um pouco o mercado, indicou que o governo (eleito) pode ter entendido o recado de que não era para cometer erros no campo fiscal", disse à Reuters Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, sobre a queda do dólar nesta sexta-feira.
"A perspectiva de que o Congresso desidrate e eventualmente possa deixar o prazo (da PEC) mais determinado ajudou também", acrescentou o especialista.
Fontes envolvidas nas negociações da PEC ouvidas pela Reuters disseram que aliados do novo governo admitem que terão de ceder durante as negociações do texto e definir um prazo da exceção ao teto para que a proposta avance a tempo de ser promulgada pelo Congresso ainda neste ano.
O Citi disse nesta sexta-feira que espera que PEC da Transição seja diluída durante sua tramitação no Congresso, juntando-se a um coro de instituições financeiras. No entanto, o banco ainda piorou suas projeções para indicadores fiscais do Brasil.
Izac, da Nexgen, também atribuiu a baixa do dólar neste pregão a um movimento técnico de realização de lucros após salto recente.
Limitando a recuperação do real nesta sexta-feira, a falta de definição sobre quem chefiará a pasta econômica do novo governo mantinha vivas as especulações de que Lula poderia indicar ao cargo de ministro da Fazenda um nome inclinado a medidas fiscais heterodoxas aos olhos do mercado. Três fontes disseram à Reuters na quarta-feira que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad está sendo visto como o favorito do presidente eleito para comandar a pasta.
"Isso está totalmente ligado a como será a política fiscal. O mercado espera que tenhamos um nome mais técnico e menos político, então, quando vimos burburinhos sobre Haddad, o mercado reagiu negativamente", avaliou Izac.
Na semana, sua segunda consecutiva de ganhos, o dólar avançou 0,85% frente ao real.
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