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    Em dobradinha no Senado, Haddad e Tebet criticam Banco Central e pressionam por corte nos juros

    Também presente no debate, Campos Neto tentou se defender e disse que a Selic é definida de forma técnica. Tebet, porém, destacou: decisões não podem ser 'apenas técnicas'

    Roberto Campos Neto, Fernando Haddad, Rodrigo Pacheco, Gustavo A. Sabóia Vieira e Simone Tebet, (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

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    247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), realizaram nesta quinta-feira (27) uma "dobradinha" no Senado Federal durante debate promovido pela Casa sobre “Juros, Inflação e Crescimento”. 

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, instituição que reluta em cortar os juros e compromete a retomada do crescimento econômico do Brasil, também participou. Com a Selic em 13,75% ao ano, o país tem hoje a maior taxa de juros real do mundo.

    Haddad declarou que se a economia continuar desacelerando por conta da alta dos juros, poderá haver impactos fiscais: "não vejo a política fiscal, monetária e prudencial separadas umas das outras. Elas fazem parte da mesma engrenagem. Se a economia continuar desacelerando, por razões ligadas à política monetária [taxa de juros alta, fixada pelo Banco Central], vamos ter problemas fiscais, porque a arrecadação vai ser impactada. Não tem como separar. Se desacelero a economia, vou ter impactos fiscais".

    "Se eu desacelero a economia, saindo de 4% para 3%, para 2%, para 1%, eu vou ter impactos fiscais [nas contas públicas], e nós estamos tomando medidas inclusive difíceis de tomar, impopulares, sobretudo por causa do populismo praticado [nas eleições], que surrupiou quase R$ 40 bilhões dos estados no ano passado, mais R$ 60 bilhões de Receita Federal - no ano passado", acrescentou.

    O ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central estavam sentados lado a lado.

    Já Simone Tebet afirmou que "não há contradição em dizer: o Banco Central é autônomo, e é bom que o seja [...] E portanto, o governo não interfere nas decisões técnicas do Banco Central. Mas o Banco Central não pode considerar que suas decisões são apenas técnicas. Também interferem na política, especialmente os seus comunicados e suas atas".

    Se defendendo da pressão, Campos Neto se agarrou no argumento de que as decisões tomadas pelo Banco Central são - supostamente - "técnicas".  "A inflação de curto prazo tem caído, mas muito lentamente, e os núcleos [que desconsideram fatores temporários] continuam altos. Esse último número que saiu, ficou um pouco acima. (...) O Banco Central toma decisões técnicas, têm muitas variáveis levadas em consideração. Olhamos a inflação corrente, o hiato [do produto interno bruto], ou seja, a capacidade de crescer sem gerar inflação, e as expectativas [de inflação]".

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