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Fundadores do Kabum! alegam terem sido lesados pelo Magalu e pelo Itaú-BBA e tentam desfazer negócio

O negócio que inicialmente estava avaliado em R$ 3,5 bilhões, acabou por valer apenas R$ 1,7 bilhão

Magazine Luiza (Foto: Divulgação)

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247 – Uma das maiores transações da história do Magazine Luiza (Magalu), uma das gigantes do varejo no Brasil, está sob ameaça de ser revertida. A compra do Kabum! — a principal plataforma de e-commerce de tecnologia e games do país — realizada em julho de 2021 por R$ 1 bilhão, pode ser desfeita devido a uma série de controvérsias envolvendo os fundadores do Kabum! e o Magalu, segundo informa a jornalista Daniele Madureira, da Folha.

Os irmãos Leandro e Thiago Ramos, criadores do Kabum!, alegam que o Magalu se comprometeu a pagar, além dos R$ 1 bilhão em dinheiro, mais R$ 2,5 bilhões em ações da própria varejista, o que faria os irmãos se tornarem sócios do Magalu. Contudo, o anúncio da compra do Kabum! também trouxe o anúncio de um follow-on (oferta subsequente de ações) por parte do Magalu, resultando em uma queda no preço das ações. Em 15 de julho de 2021, as ações do Magalu fecharam a R$ 23,72. Na última sexta-feira (28), foram negociadas a R$ 3,17, o que desvalorizou significativamente o negócio.

Segundo dados da consultoria Economatica à época, a aquisição impulsionou o valor de mercado da varejista em mais de R$ 16 bilhões, saltando de R$ 159,8 bilhões para R$ 176,8 bilhões. Entretanto, devido à desvalorização das ações, o negócio que inicialmente estava avaliado em R$ 3,5 bilhões, acabou por valer apenas R$ 1,7 bilhão, de acordo com as alegações dos irmãos Ramos. Diante desse cenário, eles entraram com um requerimento para a abertura de arbitragem contra o Magalu, na Câmara de Comércio Brasil Canadá, com o objetivo de reverter o negócio ou forçar a varejista a cumprir o valor acordado, de R$ 3,5 bilhões.

Na ação, os fundadores do Kabum! também questionam a atuação do Itaú BBA, o qual foi contratado por eles para encontrar um comprador para a empresa no mercado. Ao mesmo tempo, o Itaú BBA foi chamado pelo Magalu para coordenar a operação de follow-on, sem que os irmãos Ramos tivessem conhecimento disso. A defesa dos fundadores do Kabum!, representada pelo Warde Advogados, argumenta que o banco direcionou todo o processo para que o Magalu se tornasse o comprador, apontando o que eles consideram ser um conflito de interesses.

O Itaú BBA, alvo de um processo movido pelos irmãos Ramos na Justiça, nega todas as acusações, afirmando que o processo foi competitivo, diligente e transparente. O Magalu, por sua vez, ainda não respondeu aos questionamentos feitos pela imprensa até o momento.

Uma revelação que trouxe ainda mais complexidade à questão veio após os fundadores do Kabum! contratarem uma empresa de espionagem, a Kroll, para investigar os bastidores do negócio. Eles descobriram que o diretor do Itaú BBA, Ubiratan dos Santos Machado, é concunhado de Fred Trajano, CEO do Magalu (a esposa de Fred é irmã de Machado). Essa descoberta levanta questionamentos adicionais sobre um possível conflito de interesses, visto que executivos do banco e da varejista possuem relações não apenas comerciais, mas também pessoais. Fred Trajano é também membro do conselho de administração do Itaú Unibanco desde 2020.

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