Ladislau Dowbor: paraísos fiscais devem ser extintos
Economista criticou, em entrevista à TV 247, o uso do dinheiro por parte das elites financeiras globais, que, ao invés de investir na economia produtiva, buscam aumentar seus lucros por meio de evasão fiscal e lavagem de dinheiro. “O paraíso fiscal é o ponto terminal que permite a clandestinidade”. Assista
247 - O economista Ladislau Dowbor, em entrevista à TV 247, defendeu o fim dos paraísos fiscais, para onde a elite financeira global canaliza seus recursos, retirando investimentos do país de origem. De acordo com ele, o dinheiro deve servir para aumentar a produtividade de uma economia, e não para evasão fiscal e lavagem de dinheiro.
O tema dos paraísos fiscais veio à tona em meio às revelações trazidas pelos Pandora Papers, revelados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês). O ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, foi um dos citados como detentor de uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe. A alta do dólar favoreceu seus rendimentos e pode ter gerado conflito de interesses.
“Acredito que [os paraísos fiscais] devem ser extintos, porque o dinheiro tem que ir para onde é produtivo. Uma imensa parte desses paraísos fiscais é para evasão fiscal e lavagem de dinheiro. Da lavagem de dinheiro vêm as grandes vendas internacionais de armas, por exemplo”, criticou o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Esse comércio mundial que está rodando é apoiado por paraísos fiscais”.
O banco BTG Pactual, que tem Guedes como um dos sócio-fundadores, faz parte da rede de “clandestinidade” que inviabiliza o controle governamental da política econômica, pontuou Dowbor.
“Segundo ponto, todo o dinheiro nesses paraísos fiscais é transferido através dos bancos que conhecemos, e que sabem perfeitamente de onde está vindo e para onde está indo o dinheiro”, afirmou o economista. “O paraíso fiscal é o ponto terminal que permite a clandestinidade de todo o processo. Mas todo esse processo envolve o endividamento das famílias, o que gera recursos para eles; o endividamento das empresas; o endividamento dos Estados e a transferência disso, através de bancos como BTG Pactual, para os paraísos fiscais”.
Dowbor caracterizou o envio de recursos para esses locais como uma espécie de “vazamento”: “A capacidade dos governos de administrarem e de terem uma política monetária, uma política fiscal, financiar infraestrutura, não funciona com esse tipo de vazamento”.
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