Marco fiscal de Haddad "substitui rigidez do teto de gastos e pode se transformar conforme a conjuntura", elogia Belluzzo
“O que o Brasil fez foi criar uma solução que reflete esse poder dos mercados, mas gerando um compromisso", definiu o economista e professor
Opera Mundi - O programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (03/04) recebeu o prestigiado economista e professor da Universidade de Campinas (Unicamp) Luiz Gonzaga Belluzzo, que conversou com o apresentador Breno Altman sobre o projeto de novo arcabouço fiscal apresentado dias atrás pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A proposta de nova regra fiscal é um dos temas mais atuais da política brasileira, já que é com ela que o Governo Lula pretende acabar com o atual “teto de gasto”, criado durante a gestão de Michel Temer e mantido por Jair Bolsonaro. Também é um dos argumentos com o qual o Palácio do Planalto pretende pressionar o Banco Central por uma queda na taxa de juros.
Segundo Belluzzo, o projeto de Haddad “substitui a rigidez do teto de gastos, estabelecendo uma certa flexibilidade, e isso é muito importante, porque essa regra pode se transformar ao longo do tempo, pode mudar conforme a conjuntura”.
“O que o Brasil fez foi criar uma solução que reflete esse poder dos mercados, mas gerando um compromisso. Foi como dizer assim: ‘olha, eu estou aqui com um arcabouço que vocês queriam, mas ele vai ser mais flexível do que aqueles que vocês celebravam, e que foi desastroso para o país”, explicou o economista.
Belluzzo disse que concorda com as recentes declarações do também economista André Lara Resende, que defender recentemente uma queda da taxa de juros para alavancar o investimento público, mas ao mesmo tempo acredita que o Governo Lula está buscando seguir por esse caminho.
“Acho que [o Brasil] precisa sim de um maior espaço para o investimento público, que está muito contraído. O que eu vejo na proposta do governo é uma tentativa de caminhar nessa direção e ao mesmo tempo dar um sinal para o mercado de que não é nenhum avanço extraordinário, que possa prejudicar as convicções deles”, comentou.
No ano passado, Belluzzo defendeu, também em entrevista ao 20 Minutos, a criação de uma mega estatal energética, baseada em uma possível fusão da Petrobras e Eletrobras. Com a nova regra fiscal apresentada por Haddad, segundo ele, “não vai afetar de maneira negativa essa capacidade de articulação entre a Petrobras e a Eletrobras, mas agora é preciso que se crie uma empresa de energia que comande a transição energética”.
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