Mauricio Delfino: “A vida do afro-empreendedor brasileiro é solitária e hostil”
No programa Um Tom de Resistência, na TV 247, o empresário paulistano, que tem um negócio de tocas de natação para cabelos afro, diz considerar que “o sucesso do afro-empreendedorismo passa pela união coletiva entre os negros”. Participaram também da conversa Karla Batista e Diogo Bezerra. Assista
247 - Movimentando cerca de R$ 1,7 trilhão por ano na economia do país, e representando 54% da população, os pretos vêm crescendo no empreendedorismo brasileiro. Segundo pesquisa realizada pelo instituto Locomotiva com apoio do Itaú, o Brasil tem mais de 14 milhões de empreendedores negros. O programa “Um Tom de resistência”, apresentado por Ricardo Nêggo Tom na TV 247, convidou os afros empreendedores Mauricio Delfino, proprietário da “DaMinhaCor”, Karla Batista, criadora da marca “Azulerde”, e Diogo Barbosa, sócio proprietário do curso de idiomas “4way”, para debaterem o tema.
“A vida do empreendedor é solitária. Quando é um afro empreendedor, além de solitária, ela é hostil”, constata Maurício. Para ele, “é preciso estar no coletivo, é preciso estar junto. Os empreendedores negros precisam estar em ambientes coletivos. Principalmente, os iniciantes. Porque às vezes você é muito bom numa determinada área, mas não é tão bom em outra. Estar junto de outros empreendedores negros que já possuem uma ‘musculatura’ um pouco mais desenvolvida, como no ambiente da ‘Feira Preta’, por exemplo, vai te ajudar a começar, a desenvolver e a fazer a sua empresa crescer com o ‘know-how’ que essas empresas já adquiriram”.
A pernambucana Karla Batista entende que também há “o complexo da perspectiva do negro, de se entender como potência. É importante fazer com que nós, negros, acreditemos no nosso trabalho e entendamos a sua importância enquanto percentual no geral.”
O afro empreendedorismo como uma ideia de resistência econômica também foi abordado na pauta do debate. Graduado em Marketing, Diogo Barbosa concorda com essa visão: “Sem dúvidas podemos considerar como uma ideia de resistência econômica para os negros. Porque ele traz a possibilidade de termos o poder de decisão nas mãos. Eu mesmo, nos dois ‘times’ que tenho, a maioria dos colaboradores que eu contratei é preta. Os meus dois sócios também são pretos, e nenhum deles havia empreendido antes. Eu me filiei a eles por saber o quanto era importante nos unirmos e porque sabia da potência de nossas capacidades se nos juntássemos para fazer negócios. Empreender, principalmente no mundo em que estou, o mundo do inglês e da tecnologia, é uma forma de resistência muito forte”.
Karla concordou com Diogo, com relação à ideia de resistência econômica intrínseca no termo afro-empreendedor, e revelou que, além de afro-empreendedora, criou um termo para definir a si mesma e ao seu negócio. “Eu criei mais um termo para definir o meu projeto e a mim, que é o ‘afro contemporânea’. Porque, como eu trabalho diretamente com arte, fica muito complexo de as pessoas entenderem que a arte é só uma. Que a de branco é renascentista, e a de preto é aquela que é mais cheia de camadas e estampas. Quando eu lancei a minha marca, as pessoas não acreditavam que eu era preta. Eu tive que provar para elas que eu era preta. Isto porque eu não trabalhava com estampas africanas, o que todos os outros empreendedores pretos faziam até então. Então eu criei esse termo para dizer para as pessoas que eu trabalhava com arte, mas não era branca.”
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