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No ranking da inflação, Brasil ocupa o 3° lugar entre as maiores economias do mundo

"As condições de sobrevivência se mostram cada vez mais indignas", afirma a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia

(Foto: Reuters/Pilar Olivares)

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Abed - Na semana passada, o IBGE divulgou o índice de inflação para o mês de  abril de 2022 medido pelo IPCA. O índice foi de 1,06%, elevando a inflação  acumulada em 12 meses de 11,03%, em março, para 12,13% em abril deste  ano. Dentre as maiores economias do mundo, o Brasil ostenta o 3° lugar em índices de inflação, ficando atrás somente da Turquia e da Argentina. Os principais grupos que sofreram aumento no mês foram: alimentação, de 2,06%; transportes, de 1,91%; e combustíveis, de 3,20%.  

Quando olhamos o período de 12 meses, os índices são verdadeiramente  destrutivos no que concerne aos itens da alimentação da população brasileira. O tomate teve o preço aumentado em 103,26%; o café moído, 67,53%; a batata,  63,53%; o açúcar refinado, 36,99%, e o óleo de soja, 31,53%. O leite, por sua vez, aumentou 23,37%. As condições de sobrevivência se mostram cada vez mais indignas, e a insegurança alimentar, como em uma volta ao passado, coloca-se como uma questão a ser urgentemente enfrentada.  

Com o recente aumento do diesel em 8,57%, é de se esperar que os  preços continuem aumentando no decorrer de maio, na medida em que têm  impacto nos fretes, nas tarifas de transporte e nos preços dos produtos agrícolas, para não dizer em toda a cadeia produtiva da economia.  

Enquanto isso, o Ministério da Economia e um governo federal liberal  fundamentalista e hostil à maioria da população cruzam os braços. Deixam o  povo morrendo de fome e se endividando para comprar alimentos, gás de cozinha e remédios. O governo predatório repete, assim, a mesma atitude de  desastrosa indiferença que adotou perante a pandemia da Covid, quando o  deliberado atraso nas medidas de isolamento e na compra das vacinas fizeram que atingíssemos mais de 665 mil mortos. Mitigar a fome e a desnutrição, por desumanas, deveriam ser prioridades no que se refere à atenção devida à saúde  pública.  

A única e ineficaz medida até aqui para enfrentar a carestia tem sido a  elevação da taxa de juros, estabelecida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, que sobe há oito meses e atingiu o índice de 12,75%. Esta  medida, assim como na Turquia, tem revelado efeito nulo na redução dos índices de preços. Sabidamente, a inflação atual é causada pelo aumento de custos, especialmente de alimentos e combustíveis, produtos que têm seus preços, pela  política econômica adotada, determinados pelo mercado internacional, e impactados pela alta do dólar.  

Neste sentido, os aumentos da Selic têm o efeito prático de enxugar gelo  no que diz respeito à redução da carestia. No entanto, implica o aumento dos 

juros da dívida pública, e da própria dívida pública rolada. Até março deste ano, o governo gastou mais de 100 bilhões de reais com o pagamento de juros. Também aumenta os custos dos empréstimos para consumidores e empresas e  provoca o adiamento de investimentos púbicos e privados, o que resulta em retração da atividade econômica. Ao mesmo tempo, contribui para que as famílias brasileiras, fortemente endividadas, sofram para tentar saldar suas dívidas e se vejam cada vez mais estranguladas financeiramente.  

A maioria dos analistas econômicos e organismos internacionais aponta que o Brasil deve crescer menos de 0,5% neste ano. Projeção de crescimento do PIB para 2022, realizada pela Cepal, estima crescimento de 0,4% para o PIB brasileiro, sendo o menor dentre todos os países da América Latina. A recente melhora apontada pelo IBGE acerca do setor de serviços e do comércio ampliou as perspectivas positivas para o crescimento da economia, mas nada capaz de levar o crescimento econômico a superar seus graves problemas de desemprego, aumento da fome e aprofundamento das desigualdades  

Diante desse cenário, que afeta negativamente a maioria dos atores  econômicos, principalmente os trabalhadores assalariados e por conta própria, a ABED vem a público denunciar a insanidade da política econômica da dupla Paulo Guedes e Bolsonaro e da direção do Banco Central do Brasil, os quais  governam para que os ricos fiquem cada vez mais ricos e os pobres engrossem o exército de famintos, sem teto e sem dignidade.  

* Texto da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Abed)

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