Saiba quem é Miguel Gutierrez, o principal acusado de arquitetar a fraude da Americanas
Executivo vem sendo apontado como organizador da fraude de R$ 25 bilhões
247 – Após liderar a Americanas por duas décadas, Miguel Gutierrez deixou a empresa em dezembro do ano passado e foi substituído por Sérgio Rial. No entanto, pouco tempo depois, Rial revelou publicamente a descoberta de "inconsistências contábeis" no valor de R$ 20 bilhões na companhia. Essas revelações levantaram questionamentos por parte de acionistas, fornecedores, executivos e bancos sobre a gestão anterior. Um relatório preliminar elaborado por assessores jurídicos da empresa confirmou que essas supostas "inconsistências contábeis" eram, na verdade, uma fraude contábil de aproximadamente R$ 25 bilhões. O objetivo dessa fraude era melhorar os resultados da varejista e, consequentemente, aumentar a distribuição de bônus e benefícios, segundo aponta perfil elaborado pelo jornal Valor Econômico.
O relatório divulgado na terça-feira (13) apontou a participação de sete membros da antiga diretoria, além de dois bancos (Itaú e Santander) e duas empresas de auditoria (KPMG e PwC) no esquema fraudulento. O ex-presidente da Americanas, Miguel Gutierrez, e outros ex-diretores e ex-executivos também foram mencionados no documento. No entanto, fontes próximas ao processo de investigação afirmam que Gutierrez ainda não foi ouvido. Ele teria solicitado prestar esclarecimentos em pelo menos três ocasiões, mas foi informado de que ainda não era o momento adequado e que seria convocado quando apropriado.
Miguel Gutierrez é conhecido por ser discreto e ter um estilo de liderança firme. Sua saída da Americanas já estava planejada desde 2019, com a expectativa de que ele preparasse um sucessor, possivelmente um dos diretores de confiança. No entanto, a escolha recaiu sobre o ex-presidente do Santander. Ter seu nome envolvido em um escândalo vai contra tudo o que ele construiu ao longo de sua carreira. Gutierrez é descrito como reservado, fechado e objetivo por aqueles que trabalharam com ele. Ele ingressou na empresa logo após a aquisição da Americanas pelo trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, antes da criação da gestora 3G, que inclui muitos de seus negócios. Apesar de a Americanas ter sido uma das maiores varejistas do país, poucos executivos do setor realmente o conheciam. Nos bastidores, comentava-se que Gutierrez se concentrava apenas nos assuntos internos da empresa e era considerado um excelente executor, característica valorizada pelos proprietários da varejista nos anos 1990. Sua forma de comunicação era seca, o que poderia ser interpretado como rude. Apesar de sua longa permanência na empresa, não era aberto a conversas e, nas reuniões que presidia, raramente dava espaço para perguntas. Além disso, não costumava visitar lojas ou centros de distribuição com frequência.
Miguel Gutierrez, casado e pai de três filhos, sempre manteve sua vida pessoal discreta. Era comum vê-lo saindo da empresa usando um boné azul e preto, provavelmente para não ser reconhecido. Ele não costumava participar de eventos patrocinados pela Americanas. Uma fonte resumiu dizendo que "ele nunca ia a festas". Nascido no Brasil em 1961 e com cidadania espanhola, Gutierrez passou a maior parte de sua formação acadêmica e carreira profissional no Rio de Janeiro, com exceção de um período em Harvard, onde participou de um programa de desenvolvimento de lideranças chamado Owner/President Management (OPM). Ele se formou em engenharia mecânica pela UFRJ e em economia pela UERJ, além de ter uma pós-graduação em marketing pela Coppead. Como executivo, Gutierrez trabalhou como gerente de produção da Michelin entre 1986 e 1988. Em seguida, na Casa da Moeda, ocupou os cargos de superintendente de recursos humanos e diretor técnico. Em 1993, ingressou na Americanas, onde desempenhou diversas funções e ocupou diversos cargos. Sua contratação foi motivada por sua experiência na área financeira, já que atuou como gerente do departamento de controle financeiro. Em 1995, tornou-se superintendente de operações e, dois anos depois, diretor executivo de logística. A partir de 1998, foi nomeado diretor estatutário e, em 2001, assumiu o cargo de diretor superintendente.
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