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Secretário do Tesouro: com Selic a 10%, governo já teria economizado um ano de Bolsa Família

Secretário destaca o impacto da taxa básica de juros na dívida pública e elogia medidas fiscais adotadas pelo governo para trazer previsibilidade ao mercado

O secretário do Tesouro, Rogério Ceron (Foto: Divulgação)

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247 — O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou em entrevista nesta sexta-feira (23) que, se a taxa básica de juros (Selic) estivesse em 10% atualmente, o governo já teria economizado o equivalente a um ano de investimentos no programa Bolsa Família. Em consonância com declarações anteriores da equipe econômica, Ceron ressaltou a relação "simbiótica" entre as políticas monetária e fiscal e destacou o impacto do nível da Selic na dívida pública do Brasil.

Em uma entrevista concedida à Exame, Ceron explicou que cada ponto percentual da taxa custa dezenas de milhões de reais aos cofres públicos. Ele reforçou que a redução da Selic para 10% resultaria em uma economia significativa em termos de juros pagos na dívida pública, equivalente a um ano de investimentos no programa Bolsa Família. No entanto, o secretário ressaltou que essa afirmação não implica que ele defenda a redução imediata da Selic para esse patamar.

Durante a entrevista, Ceron evitou fazer críticas à decisão recente do Banco Central de manter a taxa básica em 13,75% e não sinalizar cortes futuros. Ele enfatizou que seu papel é evitar comentários sobre as decisões de política monetária, assim como não gostaria que a autoridade monetária comentasse sobre a política fiscal.

No entanto, o secretário elogiou as medidas fiscais adotadas pelo Ministério da Fazenda, afirmando que elas têm trazido credibilidade ao mercado. Ele destacou que essas medidas contribuíram para a queda das taxas de juros futuros, gerando uma maior previsibilidade para a economia do país. Ceron observou que o mercado já presenciou o "fechamento da curva de juros futuros", resultando em uma redução de aproximadamente R$ 80 bilhões em juros anuais.

Ceron também abordou as mudanças no novo arcabouço fiscal proposto pela Fazenda ao Congresso. Ele elogiou as alterações feitas no Senado, especialmente na base de cálculo da inflação que corrige o Orçamento Público, eliminando a necessidade de envio de créditos tributários. No entanto, o secretário criticou a exclusão do Fundo Constitucional do Distrito Federal das regras de limite de gastos, argumentando que seria necessário um ajuste na regra de correção para garantir maior equilíbrio ao longo do tempo.

No que diz respeito aos gastos tributários, Ceron enfatizou que os benefícios fiscais representam perdas significativas para os cofres públicos, chegando a atingir R$ 600 bilhões. Ele defendeu que, em vez de cortar gastos relacionados à transferência de renda para as camadas mais pobres da população, o ajuste fiscal deveria incidir sobre os grandes grupos econômicos que se beneficiam dessas vantagens fiscais. Segundo o secretário, a maioria desses benefícios não traz retorno econômico ao país e acarreta prejuízos.

Ceron revelou que as medidas fiscais já implementadas pela equipe econômica resultaram em um incremento de aproximadamente R$ 100 bilhões na receita do país. Além disso, ele anunciou que o governo planeja anunciar em breve novas providências nesse sentido. Quanto ao déficit fiscal, o secretário expressou confiança de que o Brasil encerrará o ano com um valor inferior a R$ 100 bilhões, destacando que o crescimento econômico e as medidas fiscais futuras determinarão a redução desse déficit.

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