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Juliane Furno: governo Bolsonaro deixa 2,7 milhões de famílias na fila do Auxílio Brasil e isso é inconstitucional

Economista explica por que há tanta gente morando nas ruas se paradoxalmente é um dos momentos que o governo mais distribui recursos

(Foto: Divulgação | ABR)

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247 - Em entrevista à TV 247, a economista Juliane Furno criticou a incapacidade do Auxílio Brasil, de Jair Bolsonaro (PL), em atender à totalidade das famílias que necessitam do benefício no país e analisou a situação ‘paradoxal’ da distribuição de renda no Brasil atualmente.

“Mais pessoas deveriam acessar o Auxílio Brasil e não estão acessando agora. Hoje são em torno de 2,7 milhões de pessoas na fila, que cumprem os requisitos para receber e não recebem. Portanto, o Estado é como se desse um ‘meio’ benefício e escolhe, em alguma medida, quem são os ‘vencedores’ e quem vai ficar de fora, a despeito de existir um critério objetivo para isso. E esse é um grave problema. O Bolsonaro deveria estar empenhado em uma solução. Por que a PEC eleitoreira destinou R$ 4 bilhões e não R$ 6 bilhões, por exemplo? Já que esse dinheiro físico não existe, ele é crédito extraordinário, não é dinheiro vindo de arrecadação tributária. Qual é a métrica de estipulação de um valor se ele não cumpre com o requisito constitucional que é abarcar a quantidade de pessoas que hoje passam fome no Brasil,” afirmou Juliane.

Os motivos, segundo a economista, passam pelo aumento da pobreza no Brasil e pela inexistência de outras políticas sociais, como havia durante os governos do PT. “É paradoxal, porque é um dos momentos que o Brasil mais tem investido em programas de transferência de renda, mas é um período em que a população mais visivelmente reconhece a pobreza e a extrema pobreza. A explicação é tanto pelo escopo reduzido, num período em que aumentou muito o nível de pobreza, quanto pela inexistência de outras políticas sociais que existiam nos governos Lula e Dilma que eram subsidiárias a essa. Por exemplo, o Plano de Aquisição de Alimentos, o Plano da Merenda Escolar, o Brasil Carinhoso, a própria política de valorização do salário mínimo, entre outras. Então na ausência dessas outras políticas, só a transferência de renda condicionada de R$ 600 é muito pouco num período de inflação elevada e um cenário de desemprego aberto calamitoso”.

Ela defende que haja uma distribuição sistemática de cestas básicas às pessoas que estão ocupando as ruas, pois elas estão fora do sistema até mesmo para receber o auxílio, portanto, fora da fila de espera de 2,7 milhões de famílias. “Por isso, é muito emergencial. Eu espero que no governo Lula em 2023 haja uma política de distribuição de cestas básicas direta, principalmente através de organizações legítimas da classe trabalhadora como sindicatos, associações de moradores, as cooperativas, ou seja, que o governo transfira as próprias cestas básicas para que esses moradores possam acessar os alimentos, junto com campanhas do Ministério do Desenvolvimento Social para cadastrar essas pessoas para que elas acessem os programas do governo”.

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