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Maria Fernanda, ex-presidente da Caixa: "o comportamento de Bolsonaro chancela Pedro Guimarães"

À TV 247, ela lembra que o agora ex-presidente da Caixa não foi demitido pelo chefe do Executivo, que preferiu aguardar que Guimarães pedisse demissão

Maria Fernanda Coelho (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

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247 - Maria Fernanda Ramos Coelho, que ocupou a presidência da Caixa Econômica entre 2005 e 2011, elogia, em entrevista à TV 247, a "coragem das colegas que ousaram fazer as denúncias" de assédio sexual contra o ex-presidente do banco Pedro Guimarães e afirma que “o desmonte da Caixa só não foi maior por conta da resistência dos empregados”.

No depoimento, ela revela que o ambiente de perseguição na Caixa é um fato já conhecido em Brasília. "Numa pesquisa com 3.700 empregados, 6 em cada dez relatam um ambiente de desagregação interna, com sofrimento e depressão", diz Maria Fernanda. "As pessoas vivem à base de rivotril e álcool".

Analisando a postura cotidiana de Jair Bolsonaro (PL) e sua notória falta de respeito pelas mulheres, Maria Fernanda lembra que o chefe do Executivo não demitiu Pedro Guimarães, como era seu dever depois que a denúncia veio a público -- preferiu aguardar que ele pedisse demissão com uma carta em que nega as denúncias e exalta sua família.

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"O comportamento de Bolsonaro não só estimula, mas chancela o comportamento de Pedro Guimarães", diz ela na entrevista, onde acusa Bolsonaro de criar um ambiente de ódio, medo e perseguição que vai além da Caixa, atingindo órgãos como Ibama e especialmente a Funai, onde "40% do quadro saiu da instituição".

A ex-presidente da Caixa diz ainda que esse comportamento traduz "uma cultura do setor privado que desrespeita a coisa pública" e "corrompe a instituição porque todos se sentem no direito de assediar".

Ela recorda que, em 2003, quando Lula tomou posse na Presidência da República, após dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso na Esplanada, "a Caixa estava pronta para ser privatizada, com um imenso contingente de empregados  terceirizados". A partir do primeiro mandato de Lula, a situação se inverteu e em 2005 a Caixa lançava o programa Minha Casa, Minha Vida, que iria colocar de pé 1 milhão de casas para famílias de baixa renda até 2011.

Convencida das chances de Lula retornar à Presidência em 2023, Maria Fernanda está convencida de que a partir de então a Caixa irá "recuperar sua função de banco público: democratizar o crédito, fazer o sistema bancário trabalhar em políticas anti-cíclicas para estimular o crescimento e reduzir as desigualdades regionais".

Quanto a Pedro Guimarães e demais envolvidos, ela acredita que, desta vez, a Justiça fará sua parte. "Haverá punição e ela será pedagógica", afirma.

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