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"Novo ensino médio está na base do processo de violência às escolas", diz Fernando Horta

"Construção do EM enfraquece professores e a própria escola, e é exatamente isso que gerou o sistema de violência que estamos vivendo agora", afirma historiador. Assista na TV 247

Fernando Horta (Foto: Divulgação | REUTERS/Denner Ovidio)

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247 - Em entrevista à TV 247, o historiador e professor Fernando Horta comentou os recentes atentados promovidos em escolas brasileiras e afirmou que a precarização da educação - hoje retratada pelo Novo Ensino Médio - está na base deste crescente processo de violência escolar.

“O Novo Ensino Médio está dentro da base desse processo por dois motivos em especial: primeiro porque libera um espaço de tempo dentro das escolas que os alunos vão preencher com aquilo que lhes vier na veneta, e a gente sabe que a capacidade do nosso sistema de educação de oferecer conteúdos de qualidade é muito rasa. No frigir dos ovos você vai ter 40% do tempo dos alunos do EM à disposição para os chamados itinerários, ou as disciplinas eletivas – isso significa que você terá menos comprometimento dos alunos com a estrutura escolar ou com disciplinas que efetivamente lhes interessem”, introduziu Horta.

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O historiador prosseguiu com sua explanação e lembrou do caso de agentes políticos que invadiam escolas para intimidar professores e censurar conteúdos em salas de aula: “a segunda coisa, por óbvio, é que toda essa construção do EM enfraquece professores e a própria construção da escola, e é exatamente o enfraquecimento da escola que gerou o sistema de violência que estamos vivendo agora. Não dá para dissociar esses ataques agora daquilo que acontecia há alguns anos, e acontece até os dias de hoje, quando um vereador liberal invade uma escola com um celular na cara dizendo que o professor é isso, que a professora é aquilo... é o mesmo processo, é a mesma razão”.

“O processo de ruptura das instituições, essa abertura, esse passamento da boiada, foi feito lá atrás, quando se desestruturou a ideia do ensino e da escola, e a própria condição social do professor, de ser um educador, uma pessoa que merece respeito social, que tem conhecimento e posições e trabalha pelo processo da educação. Portanto, de alguma maneira, o Novo Ensino Médio colabora diretamente para esse processo exatamente porque ele desarticula essa escola pública já tão complicada e não oferece um substituto à altura nem pro tempo e nem pros interesses dos alunos”, concluiu Horta.

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