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"O Brasil tinha o caminho do meio, mas se posicionou ao lado do imperialismo", diz Breno Altman

Altman destacou que a surpresa vem pelo fato de o Brasil ter sido o único país dos Brics, que incluem a Rússia, a votar contra os russos, enquanto os colegas optaram pela abstenção

(Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters)

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247 - Em entrevista à TV 247, o jornalista Breno Altman voltou a criticar o voto favorável do Brasil à resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas contra a Rússia em relação à guerra da Ucrânia, afirmando que a posição brasileira foi pró-imperialismo, enquanto era perfeitamente possível optar pela isenção.

"Olha, as resoluções da Assembleia Geral da ONU são não-vinculativas, elas não têm efeito deliberativo e, portanto, seu não cumprimento não poderia ter como consequência punições e sanções. Portanto, sua influência sobre o conflito na Ucrânia é zero em termos práticos", introduziu o jornalista.

Altman destacou que a surpresa vem pelo fato de o Brasil ter sido o único país dos Brics, que incluem a Rússia, a votar contra os russos, enquanto os colegas optaram pelo caminho da abstenção: "em termos simbólicos, ela tem uma novidade em relação às outras resoluções, que foi o voto brasileiro. O Brasil, que faz parte dos Brics e tem hoje um novo peso no cenário internacional exatamente porque Lula é o presidente, votou ao lado da Ucrânia, dos EUA e da UE contra a Rússia. Esse é o fato novo na Assembleia Geral: o único país dos Brics a fazê-lo foi o Brasil".

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"O governo brasileiro adotou uma posição que eu considero grave, porque essa resolução posiciona o Brasil ao lado do sistema imperialista. Isso quer dizer que eu sou favorável a que o Brasil tivesse votado com a Rússia e contra a resolução? Não.  O Brasil tinha o caminho da China, África do Sul e Índia: abstenção. Até mesmo para legitimar o discurso anterior do presidente Lula, que não aceitava olhar para a guerra na Ucrânia apenas pelo lado da transgressão cometida pela Rússia ao invadir a Ucrânia. Ele sopesava dois elementos diferentes: os ataques, as ameaças e as escaladas sofridas pela Rússia e a ação da Rússia [em resposta a essas ameaças]", acrescentou.

O jornalista avaliou que a resolução da ONU apresenta uma versão incompleta da história da guerra, onde apenas a Rússia é a responsável: "a maneira pela qual essa resolução anti-Rússia, que teve o apoio do Brasil, descreve a guerra, é como se você condenasse o morador de uma casa que reagiu a um assaltante que ameaçava sua família e matou o assaltante. Você vai dizer o quê: ‘morador da casa é assassino?’. Em parte isso é verdade, mas está faltando uma outra parte da história".

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