Defeito na drenagem de barragem foi uma das causas do rompimento
Um estudo contratado pela mineradora e pelas empresas Valle e BHP Billiton mostrou que, por conta de problemas no sistema de drenagem da barragem de Fundão, que se rompeu no novembro do ano passado, a lama entrou em áreas não previstas; as obras de alteamento (elevação) do maciço deixaram lama acumulada na ombreira esquerda e, como consequência, o recuo foi feito nesse ponto sobre uma base de lama, instável; três pequenos abalos sísmicos ocorridos 90 minutos antes da tragédia foram um alerta para o processo de rompimento, que já estava bastante avançado; as conclusões foram apresentadas por videoconferência pelo engenheiro geotécnico Norbert Morgenstern
Minas 247 - Um estudo contratado pela mineradora e pelas empresas Valle e BHP Billiton apontou uma série de erros iniciados em 2009, que não foram solucionados e contribuíram para o rompimento da barragem de Fundão, em novembro do ano passado, na cidade de Mariana, região central de Minas. Por conta de problemas no sistema de drenagem da barragem, a lama entrou em áreas não previstas. As obras de alteamento (elevação) do maciço deixaram lama acumulada na ombreira esquerda e, como consequência, o recuo foi feito nesse ponto sobre uma base de lama, instável.
Três pequenos abalos sísmicos ocorridos 90 minutos antes da tragédia foram um alerta para o processo de rompimento, que já estava bastante avançado, como ficou constatado na investigação particular, nomeada de Painel de Revisão da Barragem de Rejeitos de Fundão.
Em 2009 foram constatados defeitos de construção no dreno de fundo, que resultaram em revisão do projeto inicial para reparo, no ano seguinte. O novo projeto previa a construção de um tapete drenante para controlar a saturação do reservatório.
Em 2011 e em 2012, enquanto o novo projeto estava sendo construído, houve um segundo incidente com a lama, com água chegando a apenas 60 metros da crista da barragem e não a 200 metros, como estava previsto com a criação da “praia de areia”. A lama novamente se depositou em áreas indevidas.
“As lamas ficariam atrás do dique 1 e a areia atrás do dique 2. Deste modo, as lamas e as areias seriam fisicamente separadas. (...) O projeto da barragem exige que as areias atrás do dique 1 sejam separadas das lamas por uma praia de 200 metros de largura”, disse o engenheiro geotécnico Norbert Morgenstern, um dos especialistas que participaram do painel de investigação sobre o rompimento da barragem de Fundão. As explicações foram concedidas por videoconferência a jornalistas em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte
O especialista afirmou que, durante o período em que as galerias estavam sendo reparadas, esta praia tinha um tamanho menor que o necessário. De acordo com Morgenstern, as galerias precisaram ser vedadas com concreto, e também havia preocupações com a galeria secundária, que estava por baixo do lado esquerdo da barragem. Como consequência, a estrutura não poderia ser alteada naquele local. Para manter as operações durante o reparo, o alinhamento da barragem na ombreira esquerda foi deslocado de sua posição anterior.
O engenheiro disse que foi identificada lama abaixo do maciço da barragem, que estava sob efeito do alteamento [aumento da altura] da estrutura. “Isso iniciou um mecanismo de extrusão das lamas e da separação das areias à medida que a barragem foi alterada”, acrescentou, dando como exemplo o movimento de uma pasta dental quando o tubo é espremido.
"Há uma comparação na apresentação entre a ombreira esquerda e a direita. E o mesmo alteamento foi feito na ombreira na ombreira direita e o mesmo tremor aconteceu na ombreira direita, o que fortalece a nossa conclusão de que a presença da lama foi uma parte fundamental da explicação do porquê essa falha aconteceu e onde ela aconteceu", disse Morgenstern.
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