Do PT-BH para o PT-Rio: vocês fizeram escola
Lideranas da capital mineira contrrias provvel aliana com Lacerda e o PSDB alertam: o PT estaria seguindo os maus passos do PT carioca, que perdeu personalidade depois da interveno dos paulistas que enterrou a candidatura de Vladimir Palmeira nos anos 90. Do outro lado, presidente estadual do partido v despolitizao e legalismo nessa posio
Heberth Xavier _247 - As principais vozes do PT contrárias à aliança com os tucanos para reeleger o prefeito Márcio Lacerda em Belo Horizonte falaram ao 247 e alertam: o PT da capital mineira está “perigosamente” seguindo os passos do que ocorreu no partido do Rio, onde uma intervenção do Diretório Nacional, dominado pelos paulistas, teria abortado candidaturas competitivas para apoiar adversários locais. Segundo o raciocínio dessas lideranças, o final foi infeliz para o partido carioca, mesmo cenário que vislumbram para BH.
Duas dessas lideranças falaram ao jornal sem esconder a identidade: o líder do PT na Assembleia Legislativa, Rogério Corrêa, e o vice-prefeito da capital, Roberto Carvalho. “A analogia é perfeita: lá no Rio, o partido estava em crescimento e perdeu personalidade; aqui, éramos a referência popular e agora querem obrigar o militante a distribuir panfleto junto com tucanos”, diz Carvalho.
Em 1998, o diretório nacional do PT interveio para impedir a candidatura do ex-deputado federal Vladimir Palmeira ao governo do estado - a justificativa era o acordo nacional com o PDT, que indicou Brizola como vice de Lula na eleição à presidência à época. A solução encontrada foi alocar a ex-senadora Benedita da Silva como vice de Anthony Garotinho, que venceu a eleição. Poucos anos mais tarde, Benedita e o PT brigaram com Garotinho, que chegou a chama-los de “partido da boquinha”.
O deputado Rogério Corrêa, um dos mais destacados críticos de uma aliança em qualquer termo pela reeleição de Lacerda, teme que ocorra algo semelhante em Minas. “Elegemos os últimos prefeitos de BH, sempre em oposição ao nosso maior adversário nacional, o PSDB, e éramos referência positiva junto à população”, defende. “Agora, querem embarcar o partido no mesmo projeto do senador Aécio Neves, nosso provável adversário contra a Dilma em 2014.”
Carvalho vê problemas com a militância pela frente. “Dá para imaginar o petista fazendo campanha com o PSDB?”, questiona. “Acabaríamos perdendo credibilidade e personalidade, nos tornando um partido como os outros.”
Reginaldo Lopes, deputado federal, presidente estadual do PT e favorável ao apoio - com ou sem os tucanos - a Lacerda, vê a posição dos companheiros como “despolitizada”. “Temos de discutir programaticamente, e é o que a resolução municipal do partido determinou”, afirma. “A questão legal, se com ou sem os tucanos, é secundária.”
A resolução citada por Lopes, no caso, é a tirada no encontro de 25 de março passado. Ela tem gerado interpretações diferentes. O item “b” do artigo 3º rejeita a “participação nessa coligação de partidos políticos que se opõe – PSDB, PPS, DEM (…)”. Para Rogério Corrêa e Roberto Carvalho, isso já seria suficiente para enterrar a possibilidade de o PSDB compor a coligação. Lopes apega-se, porém, ao próprio artigo 3º, que antes fala que a formação dos acordos deverá “considerar”, e não proibir explicitamente, critérios que impediriam a entrada dos tucanos. “Não há tanta polêmica: hoje, Lula, Dilma, Pimentel, eu, Patrus, todos queremos estar junto ao PSB em BH”, diz o presidente do PT mineiro. “Ninguém aqui gosta do PSDB, mas temos um projeto nacional que é muito mais importante do que isso.”
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