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Estudo aponta que mais da metade dos brasileiros passou por situações de racismo

Cerca de 100 milhões de brasileiros testemunham atos racistas, enquanto 8 em cada 10 veem o país como um lugar marcado pela discriminação racial, aponta o Instituto Peregum

Manifestação Juventude Negra (Foto: Agência Brasil)

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247 - Um estudo abrangente realizado pelo Instituto de Referência Negra Peregum em parceria com o Projeto Seta revelou dados alarmantes sobre a percepção e o enfrentamento do racismo no Brasil. De acordo com a pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 28, mais da metade dos brasileiros, equivalente a cerca de 100 milhões de pessoas, afirmam já ter presenciado situações de racismo. Os resultados apontam para uma profunda preocupação, uma vez que o racismo é percebido como um ponto central para gerar desigualdades no país por 44% dos entrevistados.

Os números também demonstram uma dura realidade: para oito em cada dez pessoas, o Brasil é caracterizado como um lugar racista. Essa percepção é mantida de forma consistente independentemente de variáveis como gênero, faixa etária, escolaridade, região do país, porte da cidade, renda familiar, religião, orientação sexual e orientação política.

O coordenador de projetos do Instituto de Referência Negra Peregum, Marcio Black, ressaltou que apesar de haver um aumento da consciência da sociedade sobre o racismo, os desafios para a abolição dessas violências e a garantia de direitos iguais persistem no país há séculos.

O estudo ainda revelou que a população brasileira reconhece a existência do racismo, mas apenas 11% admitem ter atitudes ou práticas racistas. Esse aparente paradoxo, segundo Black, mostra o quão enraizado o racismo está na sociedade e como ele perpetua, mascarando muitas das relações sociais que as pessoas vivem.

De acordo com a pesquisa, a violência verbal é a forma mais comum de manifestação do racismo no Brasil, representada por xingamentos e ofensas, citada por 66% dos entrevistados. Em seguida, o tratamento desigual (42%) e a violência física, como episódios de agressão (39%), também foram identificados como formas de discriminação racial.

Entre os entrevistados, 23% afirmaram já terem sido vítimas de racismo, sendo que homens pretos (40%) e mulheres pretas (38%) foram os grupos mais apontados como vítimas. As instituições de ensino também foram identificadas como espaços centrais de propagação de casos de racismo, com quase quatro em cada dez vítimas (38%) relatando terem sido discriminadas na escola, faculdade ou universidade.

Diante dos resultados, Ana Paula Brandão, gestora do Projeto Seta, destacou a dramática violência que crianças e jovens negros enfrentam nos espaços escolares, que deveriam ser ambientes seguros de socialização.

O estudo "Percepções sobre o racismo no Brasil" ouviu 2 mil pessoas com idade igual ou superior a 16 anos em abril deste ano, distribuídas em 127 municípios brasileiros, representando as cinco regiões do país. Com um intervalo de confiabilidade de 95% e uma margem de erro de dois pontos percentuais, a pesquisa projeta a opinião de 167,2 milhões de pessoas no Brasil em relação ao tema abordado.

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